EUA tentam mostrar sintonia com China e negociar seu maior protagonismo

  • Por Agencia EFE
  • 24/06/2015 23h23
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Jairo Mejía.

Washington, 24 jun (EFE).- Estados Unidos e China concluíram nesta quarta-feira a sétima rodada de seu Diálogo Estratégico e Econômico tentando mostrar sintonia, mas com diferenças de peso ocupando a agenda, como a segurança cibernética, as tensões territoriais e a intenção de Pequim de ser contrapeso ao chamado “Consenso de Washington”.

O presidente americano, Barack Obama, fechou um encontro de alto nível realizado desde 2009 e que tem como intenção assentar as bases para a visita do presidente da China, Xi Jinping, a Washington no próximo mês de setembro.

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, que fez o papel de anfitrião do encontro, apresentou compromissos entre ambas potências internacionais em matéria de energias limpas e luta contra a mudança climática, assim como no combate contra a proliferação nuclear, na guerra antiterrorista e na assistência humanitária.

Estados Unidos e China, os dois maiores poluentes do planeta e líderes dos blocos de países avançados e em desenvolvimento, serão fundamentais para que se obtenha um acordo de redução de emissões na Cúpula das Nações Unidas para a Mudança Climática em Paris no final desse ano.

Obama, que se reuniu hoje com os vice-primeiros-ministros chineses Liu Yandong e Wang Yang e o conselheiro de Estado, Yang Jeichi, concordou com eles em “expandir a cooperação com a China em mudança climática e energias limpas” e reafirmar “um propósito comum nas negociações de Paris”.

Outro dos pontos da relação abordados pelos dois países foram os intercâmbios culturais e de estudantes, que se encontram em um momento especial, especialmente pela grande afluência de estudantes chineses a universidades americanas.

“Nossa relação é a mais importante deste século e, se for manejada de maneira apropriada, definirá o século XXI”, assegurou Kerry ontem à noite em um jantar de gala com os funcionários chineses.

No entanto, as diferenças deixaram marcas nas negociações no âmbito privado.

Concretamente, Obama demonstrou “as preocupações dos Estados Unidos sobre o comportamento marítimo chinês e no ciberespaço, e urgiu a China a tomar passos concretos para reduzir as tensões”, segundo informou a Casa Branca.

Os Estados Unidos anunciaram no início de mês um ataque informático contra a rede que controla as contratações e permissões de acesso de milhões de funcionários americanos, um crime pelo qual Washington responsabiliza Pequim.

A infiltração, de uma sofisticação jamais vista antes, pôde ter como objetivo conseguir acesso a redes confidenciais, algo que a China já tentou no passado, tanto contra servidores governamentais como de grandes empresas privadas americanas.

“Tivemos conversas muito francas sobre comportamento e padrões no ciberespaço”, garantiu hoje no fechamento das conversas o secretário do Tesouro, Jack Lew.

A construção de instalações com possível caráter militar em ilhas em disputa do Mar da China Meridional por parte de Pequim é outro dos pontos de atrito com Washington.

A China considera como parte de sua zona de influência águas ricas em jazidas de hidrocarbonetos que disputam com Filipinas, Malásia e Vietnã, algo que preocupa Washington por fomentar a instabilidade na região.

Os Estados Unidos tentam negociar com cautela com a China os termos de seu cada vez maior protagonismo mundial tanto econômico como geopolítico.

No entanto, Obama reconheceu que a China deu passos para que sua economia deixe de ser um exportador que ganhava competitividade com uma divisa artificialmente desvalorizada, mas ressaltou que restam desafios a abordar em relação ao valor do iuane e à política de investimentos.

Na mesma linha, Lew disse que a China está tomando medidas para manter uma taxa de câmbio determinado pelo mercado e apoiou as ambições de Pequim de que o iuane se transforme em um moeda de referência mundial.

“Reconhecemos que é do interesse da China adotar padrões de transparência das principais divisas de reserva”, opinou o secretário do Tesouro.

A China quer que o iuane passe este ano a se transformar em uma das divisas com as quais se estabelece o valor dos direitos especiais de giro, a moeda empregada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), como reflexo de seu peso na economia mundial.

Além disso, Washington rebaixou também sua oposição a que parceiros europeus se incorporem ao Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (AIIB), mais um passo rumo a um maior peso de Pequim contra o chamado “Consenso de Washington” nascido após a Segunda Guerra Mundial. EFE

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