Europa é responsável pelo “desenvolvimento cultural da humanidade”, diz papa
Estrasburgo (França), 25 nov (EFE).- Em discurso ao Conselho da Europa nesta terça-feira, em Estrasburgo, na França, o papa Francisco lembrou o continente europeu de sua “responsabilidade no desenvolvimento cultural da humanidade” e pediu uma “correta relação entre religião e sociedade”.
Segundo o pontífice, a Europa deve “refletir se seu imenso patrimônio humano, artístico, técnico, social, econômico e religioso é um simples retalho do passado para museu”.
Francisco questionou se os europeus ainda podem “inspirar a cultura” e disse que o Velho Continente tem o desafio de “globalizar” sua “multipolaridade” porque “as culturas não se identificam necessariamente com os países”.
O pontífice destacou a contribuição que o Cristianismo pode fazer ao desenvolvimento cultural e social europeu e disse que a sociedade se beneficiará de uma “revitalizada relação” entre religião e sociedade.
O papa argentino chamou a atenção sobre o “individualismo, que nos torna humanamente pobres e culturalmente estéreis”. Para Francisco, essa postura provoca “o culto à opulência, que corresponde à cultura do descarte na qual estamos imersos”.
“Hoje temos diante dos nossos olhos a imagem de uma Europa ferida pelos muitos testes do passado, mas também pela crise do presente. A Europa já não parece ser capaz de fazer frente com a vitalidade e a energia do passado. Uma Europa um pouco cansada e pessimista que se sente assediada pelas novidades de outros continentes”, analisou.
Durante o discurso, Papa Francisco lembrou de momentos trágicos da história europeia no século XX, antes da criação do Conselho da Europa, quando o continente viveu o “conflito mais sangrento e cruel”, em alusão à Segunda Guerra Mundial.
“Quanta dor e quantas mortes ainda ocorrem neste continente, que busca a paz, mas que volta a cair facilmente nas tentações de outros tempos”, disse.
O pontífice afirmou que a Igreja Católica “considera que a corrida do armamento é uma praga gravíssima da humanidade e prejudica os pobres de modo intolerável”, e comentou que a paz “também é quebrada pelo tráfico de seres humanos”.
Segundo o papa, os emigrantes devem ser amparados e “precisam do essencial para viver, mas, sobretudo, que sejam reconhecidos como pessoas, com dignidade”.
Entre outros aspectos que abordou em seu discurso – o segundo de sua viagem a Estrasburgo, onde também já falou nesta terça-feira perante o Parlamento Europeu – o pontífice pediu uma “nova parceria social e econômica” no continente, “livre de condicionamentos ideológicos”.
O papa também alertou para o “grave problema do trabalho, especialmente pelos elevados níveis de desemprego entre os jovens em muitos países, mas também pela questão da dignidade do trabalho”. EFE
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