Europa pede política de defesa comum no 70º aniversário da derrota nazista
Enrique Rubio.
Lorient (França), 10 mai (EFE).- No dia 10 de maio de 1945, Lorient, a última cidade europeia sob controle nazista, se rendeu aos aliados; 70 anos depois, ministros de Defesa europeus pediram no mesmo local uma política comum para evitar que a tragédia se repita.
A Alemanha conservava neste estuário da Bretanha francesa uma importante base de submarinos usada durante a Batalha do Atlântico. Hoje, transformados em símbolos, os estaleiros receberam dezenas de sobreviventes do conflito e os principais responsáveis pela segurança da Alemanha, Espanha, Polônia e França, que lembraram o “compromisso” europeu com a segurança mútua.
A ministra alemã, Ursula von der Leyen, reconheceu que o país deve assumir a responsabilidade histórica pela guerra.
“A consciência de nossa história guia nossa política. Os aliados libertaram a Europa, não esqueceremos de todos que deram a vida por nossa liberdade”, disse em entrevista.
Para a Alemanha, a União Europeia simboliza a paz frente à guerra, disse Ursula, indicando ser uma obrigação de todos no continente lutarem pela tolerância. Além disso, a ministra alemã ressaltou a urgência da elaboração de uma estratégia de segurança para a Europa.
De forma similar, o ministro espanhol, Pedro Morenés, considerou que o futuro da Europa passa “necessariamente por uma visão comum dos problemas e das oportunidades que se apresentam”.
“Uma reunião como a de hoje demonstra a vontade e a responsabilidade dos ministros da Defesa em contribuir de maneira essencial para esse futuro da Europa”, afirmou.
Na reunião, se preparou a próxima sessão do Conselho Europeu, em junho, onde serão abordados, especialmente, assuntos relacionados com a segurança, disse o ministro francês, Jean-Yves Le Drian.
Mas, sobretudo, foi discutida a situação na Líbia, um país fora de controle que serve como trampolim para que traficantes operem e levem imigrantes clandestinos para a Europa.
Le Drian antecipou que no Conselho Europeu deverão ser tomadas decisões sobre três aspectos. Por um lado, está a ajuda humanitária imediata para evitar os naufrágios, objetivo da chamada operação Triton, que multiplicou em três seus recursos.
“Se (o enviado da ONU) Bernardino León conseguir chegar a um acordo para a formação de um governo de união nacional, haverá uma fase de transição para tentar mantê-lo”, disse sobre o segundo passo, que ainda não começou.
O ministro francês não explicou como seria a atuação da Europa para garantir essa transição: com o envio de forças de paz ou treinando as tropas líbias. No entanto, disse que as ações coercitivas só ocorreriam com a autorização da ONU.
Por último, afirmou, está a luta contra os traficantes, o que exige um reforço dos serviços de inteligência na Líbia e nos demais países africanos.
Morenés lembrou que a alta representante da UE para Política Externa, Federica Mogherini, sondará amanhã os países-membros do Conselho de Segurança da ONU sobre uma eventual intervenção na costa da Líbia, uma operação parecida com a realizada na Somália.
Após a reunião, os ministros participaram da grande homenagem aos sobreviventes da batalha de Lorient.
A cidade bretã foi libertada após mais de nove meses de um duro confronto do Exército americano e das forças francesas, pondo fim desta forma à Batalha do Atlântico, a mais longa da Segunda Guerra Mundial.
Lorient tinha uma importância estratégica vital para os nazistas, que guardavam na cidade seus submarinos, comandados pelo almirante Dönitz.
A Alemanha tinha tomado controle do estuário em junho de 1940, e, apesar de os aliados retomarem com rapidez a região da Bretanha após o desembarque em 1994, alguns enclaves ficaram nas mãos dos nazistas até o final da guerra.
Porém, no dia 10 de maio de 1945, o general nazista Fahrmbacher entregou sua arma ao general americano Kramer, comandante da 66ª Divisão de Infantaria, quando só restavam na cidade cerca de 8 mil dos 125 mil habitantes de antes do início do conflito. EFE
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