Ex-apresentador britânico abusou de 63 pacientes em hospital
Londres, 26 fev (EFE).- Jimmy Saville, ex-apresentador da “BBC” que foi ídolo de muitos britânicos durante décadas, abusou de até 63 pessoas em um hospital da Inglaterra, mas nem sequer uma queixa formal de suas vítimas foi feita à polícia nas ocasião.
Segundo relatório independente divulgado nesta quinta-feira e que foi produzido após as denúncias de abusos cometidos pelo famoso apresentador nos anos 70, a reputação de Savile era um “segredo”.
Savile, morto em 2011 e que segundo a polícia foi um “depravado sexual” que abusou de mais de 200 crianças e adultos, era ídolo televisivo entre as décadas pasadas de 70 e 90 e era muito querido pelo público, pois realizava trabalhos beneficentes para distintas instituições.
O relatório, um dos tantos que fala sobre os abusos de Savile, se refere ao hospital Stoke Mandeville, do condado de Buckinghamshire, ao norte da capital britânica.
O relatório diz que uma denúncia formal foi feita pelo pai de uma vítima em 1977, mas não foi entregue às forças da ordem.
Apesar de haver gente da área de saúde que estava a par dos abusos de Savile, seu comportamento provavelmente nunca foi denunciado à direção do hospital, acrescenta o relatório.
As vítimas do hospital Stoke Mandeville, das quais abusou entre os anos 1968 e 1992, tinham entre 8 e 40 anos.
Além de uma queixa formal, houve nove informais, mas “não foram levadas a sério” ou “elevadas à direção”, afirma o documento, que contém 348 folhas.
Para esta investigação, realizada por especialistas independentes, foram entrevistadas 37 vítimas, entre elas pacientes do hospital, visitantes e pessoal da área de saúde, que admitiram que Savile os estuprou.
Entre as vítimas havia menores de apenas 8 anos, mas também adultos, inclusive uma mulher de 20 anos grávida, que estava no hospital porque tinha um filho doente e uma adolescente de 19 anos em cadeira de rodas, acrescenta a pesquisa.
Uma das vítimas, que tinha então 18 anos, relatou como Savile entrou em seu quarto através da janela para molestá-la pois ela estava fora de si pelos efeitos de sedativos no ano 1973.
“Savile foi um predador oportunista que também em algumas ocasiões mostrava um alto nível de premeditação quando planejava os ataques contra suas vítimas”, diz o relatório.
Apesar de seu comportamento, Savile “era visto pelos altos diretores como uma parte importante da vida do hospital”.
Além disso, Savile tinha pleno acesso a muitas áreas da unidade e aos pacientes nas décadas dos 70 e 80.
Há dois anos, a Polícia Metropolitana de Londres (Met) e a Sociedade Nacional para a Proteção das Crianças (NSPCC, sigla em inglês) divulgaram um documento feito conjuntamente por causa das denúncias recebidas após a morte de Savile, ocorrida em 2011 quando ninguém conhecia o alcance de seus atos.
O caso do ex-apresentador provocou grande comoção no país e as pessoas ainda se perguntam como Savile pôde abusar de tanta gente durante tanto tempo sem que a polícia e nem a “BBC” se dessem conta.
Segundo a polícia, os delitos perpetrados por Savile, falecido aos 84 anos, “não têm precedentes” e mostram que cometeu abusos sexuais entre os anos 1955 e 2009 em hospitais, centros de atendimento de doentes mentais, asilos e até na “BBC”, e que 73% de suas vítimas foram menores de 18 anos.
Saville, a quem a rainha Elizabeth II concedeu o título de “Sir”, chegou a utilizar os escritórios de televisão da “BBC” para se aproveitar de menores entre 1966 e 2006, segundo a polícia. EFE
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