Ex-BC vê clara intenção de política fiscal mais austera do novo governo

  • Por Jovem Pan
  • 04/12/2014 08h47

Em entrevista a Denise Campos de Toledo, o ex-diretor do Banco Central (BC) Luís Eduardo Assis avaliou o aumento da taxa básica de juros (Selic) anunciado na noite desta quarta. O crescimento foi de 0,5%, chegando os juros ao patamar de 11,75%, maior desde 2011. Para Assis, o próprio mercado já esperava esta expansão.

O objetivo maior da medida é controlar a inflação. “O maior mal que deve ser evitado é o aumento da inflação”, disse o ex-diretor. O BC está lutando também, analisou o economista, para evitar que a desvalorização cambial (que encarece o preço dos produtos importados) se converta em mais inflação – que neste ano tem beirado o teto da meta, de 6,5%.

Na visão de Assis, o novo governo está disposto a pagar o preço político de tais medidas impopulares, e a nomeação de Joaquim Levy, conhecido por sua austeridade, para o ministério da Fazenda, mostra isso. “Existe uma clara intenção de uma política fiscal mais austera”, afirmou.

“Elevação de juros é sempre uma medida impopular. Nenhum governo é masoquista ao ponto de pensar isso como um objetivo em si mesmo”, considerou o ex-diretor do BC, lembrando que o objetivo é frear o consumo para conter a inflação.

Para Assis, a nova visão do governo inclui aumento dos impostos. Afirmou também o economista: “Ajuste fiscal ninguém gosta, não é popular. (…) Da mesma forma, ninguém gosta de aumento de impostos, (…) mas esta é uma resolução deste novo governo”.

Sobre os juros, Assis espera que o próximo aumento seja menor que os últimos dois, de apenas 0,25%. “Ao contrário do que costuma fazer, o Banco Central já deu uma pista indicando que os próximos aumentos serão parcimoniosos”, lembrou.

“O tempo econômico, porém, não coincide com o tempo político”, concluiu.

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