Ex-capitão do Bope aponta que violência nas favelas do RJ é causada por falha nas fronteiras

  • Por Jovem Pan
  • 04/04/2015 12h59
Reprodução UPP (Unidade de Polícia Pacificadora)

A morte de Eduardo Jesus Ferreira, de 10 anos, no Rio de Janeiro, reacendeu a discussão sobre o trabalho da polícia no Estado. O menino foi atingido por um tiro de fuzil na porta de casa, durante operação do Batalhão de Choque na localidade do Areal, no Complexo do Alemão.

Em entrevista a Jovem Pan, o ex-capitão do Bope e especialista em segurança pública, Paulo Storani disse que a grande questão é que o Morro do Alemão está em crise e que as fronteiras abertas dificultam o trabalho da polícia.

“O Alemão é uma grande vitrine em relação a isso [retorno dos criminosos, caso não ocorressem desdobramentos dentro da UPP]. É um grande centro de distribuição de drogas e armas da região”, contou.

Storani destacou que há um problema de efetivo policial, necessário para o bom resultado da UPP. “A grande questão é isso e vivemos uma crise com a morte do menino Eduardo, que tem que ser muito bem esclarecido este fato”.

A população, que realizou protestos na tarde desta sexta-feira (03), segue indignada, mas também assustada e preocupada. O ex-capitão do Bope explicou que “a população resiste por conta da morte do menino.
Identificando-se, se forem os policiais, eles devem ser punidos, mas se não for isso tem que ser trazido à público. (…) A população quer paz, mas quer paz sem morte”.

Paulo Storani ainda destacou que o trabalho nas UPPs é o trabalho da consequência e que o Estado deve cobrar o Governo federal a cumprir o seu papel. “Faz parte do governo federal fiscalizar a entrada de drogas e armas que chegam pelas fronteiras. Por melhor que forem as polícias, maior serão os enfrentamentos. Temos fronteiras abertas com esse bando, que é responsabilidade da PF”, criticou.

“Parece que o Estado está assumindo as responsabilidades sozinho”, disse. Storani ainda relembrou a declaração da presidente Dilma, que se solidarizou com a mãe do menino na tarde de ontem. “Dilma fez uma declaração e tem que fazer mesmo. Ela deveria botar a mão na consciência e saber que tem responsabilidade nisso. A morte do menino em uma guerra urbana. Alguém tem uma responsabilidade inicial e começa exatamente pelas fronteiras”, finalizou.

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