Ex-chanceler britânico anuncia que deixará parlamento em meio a escândalo
Londres, 24 fev (EFE).- O ex-ministro britânico das Relações Exteriores Malcolm Rifkind deixará o parlamento nas próximas eleições e renunciará em meio a um escândalo de tráfico de influência e suspeita de cobrança de serviços extraparlamentares.
Após fortes pressões do Partido Conservador, do primeiro-ministro David Cameron, Rifkind informou nesta terça-feira que não concorrerá à reeleição como deputado no pleito do dia 7 de maio. O político também renunciará como presidente do Comitê de Inteligência e Segurança do parlamento.
Rifkind e o também ex-ministro das Relações Exteriores Jack Straw foram o centro das atenções ontem devido a um escândalo ao ser revelado que ambos foram filmados em segredo enquanto supostamente ofereciam seus serviços a uma empresa privada por milhares de libras.
Em uma investigação conjunta entre o jornal “The Daily Telegraph” e o “Channel 4” da televisão britânica, os dois deputados explicaram seus serviços a jornalistas que se passaram por representantes de uma empresa chinesa fictícia.
Em comunicado, Rifkind explicou nesta terça-feira que recebeu apoio de sua circunscrição, a londrina de Kensington, e que aceitou a investigação iniciada por seu partido para esclarecer a controvérsia sobre a cobrança de serviços extraparlamentários.
A fim de evitar uma situação de incerteza nos próximos meses, Rifkind comunicou que é “preferível” que abandone seu posto como deputado no final do atual mandato parlamentar.
“Esta é uma decisão pessoal. Não recebi um pedido a respeito da minha circunscrição, mas acho que se trata de uma decisão correta e apropriada”, disse.
Em virtude da legislação britânica, os deputados devem comunicar à Câmara dos Comuns se receberem algum presente ou verba além de seu salário como parlamentar, pois não é proibido que tenham outro emprego, apenas é necessário esclarecer.
No entanto, o caso abre um debate sobre se os deputados deveriam ou não serem proibidos de ter um trabalho privado em paralelo a suas responsabilidades como membros do parlamento.
O líder da oposição trabalhista, Ed Miliband, é a favor de proibir que deputados exerçam outro trabalho e pediu a Cameron que leve consideração essa possibilidade.
Na gravação feita pelos jornalistas era possível escutar Straw – que também foi ministro do Interior – dizer que utilizou sua influência para modificar regras comunitárias em nome de uma empresa que o pagou 81 mil euros por ano.
Além disso, disse aos jornalistas disfarçados que costuma cobrar 5.000 libras (6.500 euros) ao dia quando faz uma palestra.
Na filmagem feita, Malcolm Rifkind foi flagrado dizendo que tem bons contatos e pode ter “acesso” a qualquer embaixador britânico. EFE
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