Ex-diretor da Fiesp defende utilização de reservas cambiais para reequilíbrio econômico

  • Por Jovem Pan
  • 26/09/2015 10h24
Folhapress Roberto Giannetti da Fonseca

Em semana de muita turbulência no mercado financeiro, com a disparada do dólar e com preocupações relacionadas não somente à economia, mas à política e ao cenário internacional, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy afirmou que o volume de reservas em moeda estrangeira do país é muito significativo e, por isso, o Brasil estaria protegido.

No entanto, ainda existem dúvidas do mercado financeiro quanto a eficácia do uso de reservas cambiais. Muitos analistas acreditam que, caso o Banco Central entre em uma “queda de braço” no momento de pressão mais forte, é possível perder reservas sem que isso traga resultados melhores em termos de controle do avanço do dólar.

Em entrevista a Jovem Pan, o ex-diretor de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp e economista, Roberto Giannetti da Fonseca afirmou que sua posição é diferente e que a utilização de reservas é “aceitável e adequada”.

“Eu acho que tem que olhar os dois lados da moeda. Um lado é o lado fiscal e o outro é o cambial, da menor volatilidade e de uma certa estabilidade da taxa num patamar que o mercado tem julgado, tanto exportadores quanto setor financeiro, já relativamente aceitavel e adequado”, explicou.

Apesar do mercado financeiro considerar as reservas como uma garantia de maior confiança na condição financeira do país, existem pessoas que temem que o impacto do Banco Central de reduzir o tamanho das reservas passa uma impressão de maior vulnerabilidade.

Para Giannetti, não existem fundamentos para este receio. “É infundado esse receio. Porque sob qualquer ótica técnica de economia, essa reserva é excessiva em relação ao PIB, ao déficit em conta corrente, a meses de importação. Eu não digo que reservas devem ser zeradas, mas se propusermos redução de R$ 100 bilhões das reservas, você gera R$ 400 bilhões de monetização para o Tesouro Nacional”.

Ele explicou que, com isso, você paga de volta aqueles reais que o Tesouro emprestou ao BC. “Obrigatoriamente, com esse montante, o Tesouro tem que abater a dívida pública interna. Esta que está atingindo um nível crítico de 65% do PIB, quase 2,5 trilhões de reais, você consegue baixar R$ 400 bilhões. Cai para 55% do PIB”, disse.

Ou seja, baixar de R$ 2,5 trilhões para R$ 2,1 trilhões, a dívida pública interna, isso reduz a pressão no mercado de capitais e há uma economia de R$ 64 bilhões no déficit nominal, ao mesmo tempor que elimina o swap cambial (contratos que são uma espécie de venda futura do dólar).

“São um conjunto de medidas muito saudáveis, oportunas, que colocam sem muito esforço, sem necessidade de aprovção do Congresso e colocam país numa situação mais adequada na sua contabilidade e dá um grau de confiança para o país”, finalizou.

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