Ex-general uruguaio suicida pouco antes de ser preso por crimes na ditadura

  • Por Agencia EFE
  • 02/09/2015 18h21

Montevidéu, 2 set (EFE).- O general reformado Pedro Barneix, um dos acusados pelo assassinato em 1974 do comerciante Aldo Perrini durante a ditadura uruguaia (1973-1985), suicidou nesta quarta-feira, pouco depois de um grupo de policiais chegar a sua casa em Montevídeu para prendê-lo, informaram à Agência Efe fontes oficiais.

O comerciante foi detido no dia 26 de fevereiro de 1974 por militares e levado ao 4º Batalhão de Infantaria de Colônia, no sudoeste do país, onde morreu seis dias depois após ser torturado. As investigações revelaram que Barneix participou dos interrogatórios que provocaram a morte de Perrini.

O advogado da família do comerciante, Óscar López Goldaracena, informou à Efe que hoje foi decretada a ordem de prisão por “homicídio político e crime contra humanidade” dos dois acusados de matar a vítima, entre eles Barneix.

Quando os agentes chegaram à casa do ex-general para cumprir o mandato de prisão, Barneix foi para outro cômodo e suicidou.

O processo se arrastou durante os últimos cinco anos. Após vários recursos, o caso chegou à Suprema Corte de Justiça (SCJ). O último julgamento ocorreu há uma semana, quando o general foi ouvido em uma audiência prévia à decisão final do juiz, divulgada hoje.

Em julho, a Justiça negou o recurso apresentado pela defesa de Barneix, que argumentava que o crime tinha prescrito.

A denúncia do assassinato de Perrini, um homem sem vínculos com grupos subversivos, foi apresentada por um de seus filhos em 11 de novembro de 2010, dias depois da SCJ do Uruguai ter declarado como inconstitucional a “lei de caducidade”, apesar de ela estar vigente na legislação do país desde 1986.

Com a chegada da esquerda ao governo, em 2005, a Justiça recebeu sinal verde para investigar as violações aos direitos humanos durante a ditadura. Vários militares aposentados, entre eles o ex-ditador Gregorio Álvez, foram processados e presos.

Em maio deste ano, Barneix, como chefe da Direção Nacional de Inteligência do Estado (Dinacie), foi um dos escolhidos para realizar uma investigação interna para descobrir onde estavam os restos mortais das vítimas mortas na ditadura.

Dois meses depois, foi convocado como testemunha pelo juiz que conduziu no Uruguai o caso do assassinato do químico e ex-agente secreto chileno Eugenio Bérrios, encontrado morto em 1995.

“O desfecho que imaginava é que ele fosse condenado a prisão. Mas os suicídios indubitavelmente impactam. Não é a primeira vez que um militar suicida no Uruguai no momento em que vão prendê-lo”, acrescentou o advogado do comerciante.

Em 2006, o coronel reformado Juan Antonio Rodríguez Buratti, investigado por crimes contra os direitos humanos durante a ditadura, atirou contra si mesmo na cabeça quando a Polícia ia prendê-lo, morrendo pouco depois. EFE

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