Ex-militares sul-africanos ajudaram a Nigéria a combater o Boko Haram

  • Por Agencia EFE
  • 12/04/2015 06h33
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Marcel Gascón.

Johanesburgo, 12 abr (EFE).- Um grupo de ex-militares sul-africanos do exército do apartheid tiveram um papel decisivo na luta do até agora impotente exército nigeriano contra o grupo jihadista Boko Haram.

Desde dezembro, os antigos soldados ofereceram às tropas do governo treinamento e instruções no terreno, os ajudando combater os islamitas com mais garantias.

“O contrato foi por um período de três meses. Consistia em treinar e assessorar uma unidade militar nigeriana para uma missão específica”, explicou à Agência Efe Eeban Barlow, fundador da empresa de segurança privada STTEP, uma das mais importantes do setor.

“Acabou no final de março de 2015 e a STTEP deixou a Nigéria após esse prazo”, acrescentou Barlow, ex-militar sul-africano e fundador de um dos exércitos privados mais bem-sucedidos da história, o extinto Executive Outcomes.

“Os mercenários foram trazidos para treinar nossas tropas no uso do novo equipamento militar, adquirido para fortalecer a luta contra o Boko Haram”, disse à Agência Efe em Abuja uma fonte do exército nigeriano que pediu anonimato.

Segundo o analista militar sul-africano John Stupart, citando fontes das forças armadas nigerianas, os mercenários trabalharam com o “batalhão 72” e se viram frequentemente envolvidos em situações de combate.

Os ex-combatentes sul-africanos – que têm entre 50 e 60 anos, se envolveram em operações terrestres, enquanto mercenários georgianos e ucranianos pilotaram helicópteros contra os fundamentalistas.

O exército nigeriano ficou satisfeito com o trabalho dos sul-africanos, cujas táticas de contra-insurgência permitiram recuperar – junto da missão regional dos exércitos dos vizinhos Chade, Níger e Camarões – dezenas de cidades que estavam sobre o controle dos jihadistas, acrescentou Stupart.

Estes soldados particulares – que frequentemente serviram nas forças especiais – têm uma vasta experiência nas guerras de guerrilha que a África do Sul segregacionista enfrentou nas fronteiras com Angola, Moçambique e Zimbábue contra os movimentos de libertação.

Os mercenários, muitos deles com experiência em segurança privada no Iraque e no Afeganistão, sofreram duas baixas durante a missão, uma delas por ataque cardíaco e outro atingido por fogo amigo, segundo publicou o jornal sul-africano “Beeld”.

Entrevistado no boletim de análise militar SOFREP, Barlow falou da presença de seus homens na Nigéria e detalhou a tática montada para a missão.

Seguindo as indicações da STTEP, os soldados nigerianos realizaram ataques constantes de infantaria leve em diversas frentes contra o Boko Haram dia e noite, facilitando que o exército recuperasse a iniciativa na batalha.

A Nigéria lidera uma campanha militar para derrotar os jihadistas do Boko Haram para pôr fim aos seus massacres de civis e recuperar as áreas do noroeste do país onde os islamitas proclamaram um califado.

Previstas para 14 de fevereiro, as eleições da Nigéria foram adiadas em um mês e meio por “problemas de segurança”, de acordo com o governo, que alegou precisar de mais tempo para garantir que não houvesse atentados.

As eleições aconteceram finalmente em 28 de março, dia em que houve pelo menos quatro atentados com vítimas mortais.

Entre a primeira data anunciada e a eleição houve ataques praticamente diariamente.

O candidato opositor, Muhammadu Buhari, venceu o então presidente e candidato à reeleição, Goodluck Jonathan, e foi declarado no dia seguinte novo chefe de Estado. EFE

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