Ex-ministra iraquiana classifica de “genocídio” situação de cristãos no país

  • Por Agencia EFE
  • 04/11/2014 13h19

Roma, 4 nov (EFE).- A ex-ministra de Política Migratória iraquiana Pascale Warda qualificou de “genocídio” nesta segunda-feira a situação que os cristãos vivem em seu país, durante a apresentação em Roma do Relatório 2014 sobre a liberdade religiosa no mundo da internacional Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

“Os cristãos foram perseguidos no Iraque durante décadas. Se viram obrigados a abandonar suas famílias em repetidas ocasiões e perderam tudo o que tinham. Trata-se de um autêntico genocídio”, afirmou ela.

Iraqi Society for Human Rights (Sociedade Iraquiana pelos Direitos Humanos), Pascale disse que sua organização está tentando obter o reconhecimento internacional da situação dos cristãos no país. Ela apontou que muitos de seus compatriotas abandonaram o país por causa do desacordo com esta política de repressão e enfatizou que “perseguir aos cristãos significa destruir Iraque”.

Pascale insistiu que esta não se trata de uma situação nova, mas de uma algo que se prolonga no tempo desde o começo do século XX.

“As perseguições não começaram agora, com a chegada do EI. Os cristãos foram reprimidos no Iraque desde 1915”, reforçou.

Ela lembrou que estes ataques ao cristianismo no país se repetiram durante as décadas de 1960, 1970 e 1990, e apontou que a situação atual é “pior do que desastrosa”.

A ex-ministra aproveitou a ocasião para pedir ajuda para os cristãos deslocados de seus lares no Iraque e que foram “abandonados a sua sorte” por parte do governo do país, que não prevê nenhum plano para libertá-los da condição de “refugiados”. Ela se referiu ao artigo 2 da nova Constituição iraquiana como uma das principais fontes da perpetuação do problema.

“Este artigo da carta magna proíbe a aprovação de qualquer lei que entre em contradição com os princípios islâmicos”, explicou.

Durante seu discurso, a ex-ministra aludiu também ao artigo 21, que diz que todos os menores filhos de pais divorciados devem ser educados obrigatoriamente no Islã.

“Em caso de divórcio, os filhos menores de idade passam a ser educados como muçulmanos. Isso representa que a maioria das conversões não sejam voluntárias. Trata-se de um atentado contra a liberdade religiosa e gera situações de discriminação”, ressaltou.

Sobre o conteúdo do relatório, a AIS sustenta que a liberdade religiosa registrou um grave declive entre 2012 e 2014 e que em 81 dos 196 países analisados alguns fiéis experimentaram grandes impedimentos para professar seu credo.

O estudo, que cobre todas as confissões religiosas, abrange o período de outubro de 2012 a junho de 2014 e determina que em quase todos os casos nos quais houve mudanças em matéria de liberdade religiosa estas foram para pior.

A AIS aponta que os cristãos continuam sendo a minoria religiosa mais perseguida, em parte por sua dispersão e por seu número relativamente elevado, mas constata que os muçulmanos experimentam igualmente uma “séria” discriminação. EFE

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