Ex-ministro aponta aumento de tributos quase como inevitável e critica concessões de Dilma

  • Por Jovem Pan
  • 11/07/2016 17h32
Divulgação/PSDB Dilma se deu conta que tinha que fazer concessões, mas (...) fez isso de maneira mais desastrada possível

O governo anunciou a previsão da meta fiscal para o próximo ano que apontou um déficit das contas públicas de R$ 139 bilhões. De acordo com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o plano A é cortar despesas, o B é privatização e o C, é aumento de impostos. O ex-ministro da Fazenda e economista, Maílson da Nóbrega, em entrevista à Jovem Pan vê a meta um pouco abaixo do que se previa e enxerga acerto na ação de Meirelles, além de ver quase como inevitável o aumento de impostos.

“Primeiro tem que cortar gastos, mas ele sabe como poucos que isso não é suficiente para gerar o superávit primário que se espera, menos ainda pra reduzir esse superávit nos anos que virão. (…) Agora, os três planos dele, ao meu ver, ele vai precisar dos três. (…) Eu acho muito difícil que o governo possa conseguir esses resultados sem o aumento de tributos. Isso é ruim, mas o pior é não fazer o superávit requerido”, disse o economista.

Maílson defendeu também as privatizações de empresas estatais, explicando que qualquer exame mais “sensato” sobre o assunto dirá que não há nenhuma justificativa de natureza econômica, social ou política para manter empresas sobre o controle do governo.

“O forte será a infraestrutura e, talvez em segundo lugar, dependendo do tempo, a venda de parte das empresas estatais na área financeira. Por exemplo, a área de seguros da Caixa Econômica pode ser uma empresa à parte e seria privatizada. Poderá haver alguma privatização nos Estados, é o caso das empresas de energia elétrica, mas no Governo Federal, eu não vejo. Portanto eu acho que a tensão vai ser muito focalizada na questão da infraestrutura e aí eu acho que tem coisa boa vindo”, afirmou.

Segundo o ex-ministro da Fazenda, o Governo tem passado uma ideia de que irá descartar as ideias de concessão da presidente afastada, Dilma Rousseff, que, na visão de Maílson, agiu de maneira “desastrada” no momento de realizar tais ações.

“Em primeiro lugar, é porque a mensagem que o Governo está transmitindo é que vai jogar no lixo, isso mesmo, no lixo as ideias que estiveram por trás da concessões da presidente Dilma. Ela se deu conta que tinha que fazer concessões, mas sem renunciar sua visão ideológica de mundo, fez isso de maneira mais desastrada possível. Por exemplo, no caso da privatização dos aeroportos, exigiu que a Infraero, uma empresa sem dinheiro, quase quebrada, tivesse 49% da participação dos aeroportos. Agora vai ter que vender isso porque a Infraero não tem condições de se manter nessa posição”, disse Maílson da Nóbrega.

Confira no áudio acima a entrevista completa do ex-ministro da Fazenda.

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