Ex-presidente retorna ao Senegal “para restabelecer a democracia”

  • Por Agencia EFE
  • 26/04/2014 00h58
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Dacar, 25 abr (EFE).- O ex-presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, afirmou nesta sexta-feira que retorna ao Senegal para restabelecer a democracia e os direitos humanos que, segundo ele, estão sendo violados por seu sucessor, Macky Sall, e exigiu o fim da “caça as bruxas” e que seus partidários detidos sejam libertados, entre eles seu filho Karim Wade.

“Decidi retornar após dois anos no exterior para restabelecer a democracia e os direitos humanos”, disse Wade, afirmando que tinha se afastado voluntariamente do país para não incomodar Sall e ver como ele administraria o poder após vencê-lo em um segundo turno decisivo.

Wade fez um pronunciamento diante de milhares de pessoas que o receberam em sua chegada a Dacar e disse que Sall não pode continuar ignorando sua mensagem após a demonstração de força de seus seguidores em uma hora tão tarde da noite.

“Ouvi o choro do povo senegalês do exterior porque aquele que me substituiu se propôs a destruir as conquistas de 12 anos no poder”, argumentou o ex-presidente.

Wade ressaltou que não tem pretensões golpistas, mas que seria muito fácil acabar com o regime de Sall, ao destacar que seus seguidores estão preparados para executar suas vontades, inclusive uma ordem para invadir o Palácio Presidencial.

“Após 12 anos no poder, já não tenho mais ambição de voltar a ocupar cargos políticos, mas decidi continuar me dedicando à política para melhorar o futuro do meu país”, acrescentou o ex-mandatário de 87 anos de idade.

Wade deverá se reunir com seus seguidores na próxima semana, em um comício para se dirigir novamente a Macky Sall, esperando que ele “acorde antes que seja tarde demais”.

Wade considera que a prisão de seu filho é “um ato político que merece uma resposta política”.

O ex-presidente senegalês ironizou as acusações sobre o enriquecimento ilícito de seu filho, opinando que o tribunal passou meses buscando em vão os bilhões de francos CFA (moeda comum de 14 países africanos) supostamente roubados por ele.

“Ninguém levou bilhões de francos CFA”, disse o ex-mandatário, que chegou nesta noite ao país em meio a fortes medidas de segurança.

O ex-mandatário, que saiu de Paris na última quarta-feira para chegar em Dacar no mesmo dia, permaneceu por dois dias em Casablanca, onde tinha previsto fazer uma curta escala, para depois pegar um voo especial fretado para Dacar.

Wade culpou o presidente Macky Sall pelo atraso e o acusou de ter adiado a autorização de aterrissagem de seu voo em Dacar por motivos meramente políticos.

“Foi Macky Sall quem me impediu de ir ao Senegal”, disse aos meios de comunicação em Casablanca.

“Wade bloqueou seu avião em Casablanca para se fazer de vítima”, disse o porta-voz do governo Abdou Latif Coulibaly, ao rejeitar suas alegações.

O ex-presidente, que retorna ao Senegal poucas semanas antes das eleições municipais de 29 de junho, pretende também reativar seu partido que atravessa uma profunda crise interna desde a sua derrota em 2012. EFE

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