Ex-presos políticos e soldados visitam batalhão em que foram torturados

  • Por Agencia Brasil
  • 07/10/2014 20h07

O Parque da Cidade, que abrigou o prédio do antigo 1º Batalhão de Infantaria Blindada do Exército (BIB) de Barra Mansa, região sul do estado do Rio de Janeiro, recebeu hoje (7) a visita de ex-presos políticos do período da ditadura e parentes de soldados que foram torturados e assassinados no local. O assassinato dos soldados foi o único caso do regime militar que resultou no julgamento e condenação de militares.

A visita foi acompanhada por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Comissão Municipal da Verdade de Volta Redonda, assim como das comissões Estadual do Rio e Nacional da Verdade. A visita teve como objetivo identificar os locais onde os presos foram torturados durante o funcionamento do 1º BIB e registrar, através de fotografias e filmagem, as instalações e seus entornos.

“As Forças Armadas continuam negando que não houve desvio de finalidade nas instalações militares, sendo que, nesse episódio de 15 soldados presos e torturados, a Justiça Militar acabou condenando os responsáveis pela tortura e morte dentro do BIB. Foi o único caso em que isso ocorreu durante a ditadura militar e, por isso, não podemos nos conformar com as declarações dadas pelas instituições militares”, disse Nadine Borges, presidente da Comissão da Verdade do Rio, que acompanhou a diligência ao lado de Alejandra Estevez, representante da Comissão Nacional da Verdade, e Alex Martins, presidente da Comissão Municipal de Volta Redonda.

Os ex-presos políticos Edir Alves de Souza, Antônio Liberato Geremias e Lincoln Botelho  também acompanharam a diligência e reconheceram os locais da tortura, as celas e solitárias, além do local conhecido por “submarino”, onde funcionava um paiol e servia para a prática de tortura psicológica, pois o preso não conseguia discernir quando era dia e noite.

Edir Inácio da Silva, um dos ex-militares que também acompanhou a diligência, disse que “a tortura não acontecia apenas com o preso político”. Para o presidente da Comissão Municipal da Verdade de Volta Redonda, Alex Martins,  “através desses depoimentos vamos entender a logística dessa estrutura e como funcionava a unidade”.

O 1º BIB serviu como centro de tortura e detenções de 1964 a 1973, onde se estruturou a repressão militar para a região sul do estado do Rio de Janeiro. Atualmente no local estão instalados um circo, o comando da Guarda Municipal e a Secretaria de Desenvolvimento Rural. Foi lá que, em janeiro de 1972, quatro soldados – Wanderlei de Oliveira, Juarez Monção Virote, Roberto Vicente da Silva e Geomar Ribeiro da Silva – foram torturados e mortos.

 

 

Editor Fábio Massalli

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