Exército de Lesoto nega golpe e diz que realizou ação contra a polícia
Nairóbi, 30 ago (EFE).- O Exército de Lesoto negou neste sábado ter perpetrado um golpe de Estado, como informou o primeiro-ministro, Thomas Thabane, e assegurou que unicamente realizou uma operação contra a polícia, que é acusada de vender armas aos partidos políticos.
“Não houve e nunca haverá um golpe de Estado em Lesoto perpetrado pelo Exército”, disse o Major Ntlele Ntoi, porta-voz dos militares, em entrevista à rede sul-africana “ANN7”.
Segundo sua versão, o Exército tinha informações de que a polícia planejava vender armas a alguns partidos, por isso que na madrugada deste sábado lançou uma operação contra as delegacias para confiscá-las.
Suas declarações contradizem as do primeiro-ministro de Lesoto, que após fugir para África do Sul temendo por sua vida assegurou que o Exército tinha tomado o poder mediante um golpe de Estado.
Por outra lado, o Departamento de Relações Internacionais da África do Sul indicou em entrevista coletiva que tinha ligado para os comandantes militares para que ordenassem a volta dos soldados aos quartéis e permitissem a continuidade do governo de Thabane, de acordo com a agência de notícias sul-africana “SAPA”.
Segundo seus relatórios, o Exército tinha se apoderado dos quartéis de polícia e das estações de rádio e televisão para cortar suas transmissões, embora ninguém tenha reivindicado oficialmente ter feito o mesmo com o governo.
O porta-voz deste departamento, Clayson Monyela, negou que o Executivo da África do Sul tenha enviado tropas, já que confia que a situação possa ser solucionada de forma diplomática.
“Os problemas políticos devem ser resolvidos através de canais políticos, que na realidade é o diálogo”, declarou Monyela.
Monyela expressou a preocupação de seu governo com relação ao fato e pediu aos que pretendem viajar a Lesoto que “considerem a situação”.
A capital do país, Maseru, registrou em junho um significativo aumento de forças militares, o que gerou um alerta sobre um possível golpe contra um Executivo imerso em uma grave crise política.
Segundo o jornal sul-africano “The Times”, as relações entre o primeiro-ministro de Lesoto e o chefe do Exército, Tlali Kamoli, romperam depois que Thabane quis tirar do poder o general, ao suspeitar de seus supostos planos de sedição.
Thabane fechou recentemente o parlamento por um período de nove meses, perante uma crise da coalizão que há dois anos o mantém no poder.
O reino de Lesoto obteve em 1966 a independência do Reino Unido e começou, quatro anos mais tarde, uma longa trajetória de golpes de Estado.
A formação de Thabane governa o país em coalizão com outros dois partidos desde as eleições de 2012, que se desenvolveram com normalidade. EFE
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