Exército e golpistas fecham acordo em Burkina Fasso para evitar tensões
Redação Central, 23 set (EFE).- O exército e os militares golpistas de Burkina Fasso firmaram um acordo no fim da noite de terça-feira que determina que os sublevados fiquem restritos a seus quartéis e que as tropas regulares recuem suas posições a 50 quilômetros da capital para evitar tensões, informou nesta quarta-feira (data local) a imprensa local.
No entanto, o exército não conseguiu fazer com que a unidade de elite que se amotinou no último dia 17, o Regimento de Segurança Presidencial (RSP), depusesse suas armas, como exigem os mediadores da Comunidade Econômica de Estados de África Ocidental (Cedeao).
As duas partes militares conflitantes se reuniram com Mogho Naaba, o rei dos Mossi (etnia predominante no país), uma figura paterna muito respeitada na sociedade de Burkina Fasso, segundo a imprensa.
O acordo foi anunciado horas antes da chegada de uma missão de presidentes enviada pela Cedeao à capital Ouagadogou para restituir nesta quarta-feira o poder ao presidente deposto, Michel Kafando, e tentar encontrar uma solução para o conflito.
A Cedeao, da qual Burkina Fasso é um país-membro, anunciou após sua cúpula extraordinária realizada ontem em Abuja, na Nigéria, que os presidentes de Togo, Benin, Gana, Níger e Nigéria viajariam para Ouagadogou.
A comunidade regional tenta encontrar uma solução que permita devolver o poder às autoridades civis com tempo suficiente para realizar as eleições presidenciais, no mais tardar em 22 de novembro, um mês e meio depois do previsto.
A anistia aos golpistas e a dissolução da guarda presidencial são os principais pontos de desacordo nas negociações, já que as autoridades transitórias consideram que os militares sublevados não devem sair impunes.
Kafando, após ser libertado pelos golpistas, se refugiou na segunda-feira na residência do embaixador da França, enquanto seu primeiro- ministro, Isaac Zida, voltou a seu cargo oficial nesta terça-feira, conforme ele mesmo anunciou.
O líder dos golpistas, o general Diendéré Gilbert, admitiu para a emissora francesa “RFI” na terça-feira que o presidente Kafando será restituído no cargo nesta quarta-feira, como pediu a Cedeao.
Diendéré ainda é o presidente do Conselho Nacional para a Democracia, a autoproclamada junta militar que substituiu às instituições do governo de transição.
A cúpula da Cedeao realizada na terça-feira condenou o golpe dos dias 16 e 17 de setembro, se felicitou pela libertação dos presos detidos, entre eles o presidente e o primeiro-ministro, e expressou seu pleno apoio à continuação da transição com a restituição de Kafando em suas funções.
A junta golpista se comprometeu na segunda-feira a devolver o poder ao governo de transição após um princípio de acordo que implicaria o adiamento das eleições legislativas e presidenciais de 11 de outubro para 22 de novembro, e o fim do veto à candidatura dos simpatizantes do ex-presidente Blaise Compaoré.
O golpe de Estado, o sexto na história de Burkina Fasso desde que conquistou sua independência em 1960, truncou a transição democrática no país africano, iniciada em novembro do ano passado com a queda de Compaoré, que ficou 27 anos no cargo. EFE
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