Exército minimiza sombra do Iraque em ataque à base militar americana

  • Por Agencia EFE
  • 03/04/2014 19h04

Austin (EUA), 3 abr (EFE).- O exército dos Estados Unidos minimizou nesta quinta-feira o fato de que o porto-riquenho Ivan López, autor do tiroteio de ontem em Fort Hood (Texas), fosse veterano da Guerra do Iraque, e descartou, por enquanto, motivações terroristas no ataque na base militar.

O tiroteio desta quarta-feira deixou quatro mortos, entre eles López, que se suicidou, e 16 feridos, dos quais três seguem em condição crítica, embora os médicos tenham dito hoje que não temem por suas vidas.

As autoridades militares explicaram que o soldado porto-riquenho, de 34 anos, não tinha tendências suicidas ou violentas, se encontrava sob vigilância psiquiátrica e era veterano da etapa final da intervenção militar no Iraque, onde só passou quatro meses como motorista de caminhões.

O general Ray Odierno, chefe militar das tropas de terra, detalhou hoje em uma audiência no Senado que o autor do tiroteio era um soldado “muito experiente” e que seguia em atividade.

Por sua vez, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse durante um ato que o país tem que fazer “tudo o que estiver em seu poder” para cuidar de suas tropas “também quando estão em casa” e não só quando estão em missão no exterior.

Fort Hood é uma base-cidade militar onde trabalham 41 mil soldados, muitos deles parte dos 2,4 milhões de americanos que serviram nas guerras do Iraque e do Afeganistão.

Em 2009, o complexo foi cenário do pior massacre em um centro militar americano, quando Nidal Malik Hassan, um psiquiatra do exército com ideias extremistas islamitas, matou 13 pessoas e feriu outras 30.

López tinha passado nove anos na Guarda Nacional de Porto Rico, entrou em junho de 2008 no exército, trabalhou durante um ano como membro da força de paz na Península do Sinai (Egito) e se especializou como motorista de caminhões no Iraque em 2011, no final da intervenção militar americana no país.

Nesse período, López não entrou em combate, nem o presenciou, nem sofreu danos cerebrais, que costumam estar relacionados com problemas psicológicos.

Desta forma, as autoridades militares minimizaram a sombra das consequências de sua passagem pelo Iraque, depois que ontem à noite o tenente-general Mark Milley explicou que os médicos estavam em processo de diagnosticar o atirador com um transtorno por estresse pós-traumático.

“Ainda não tinha sido diagnosticado com estresse pós-traumático”, esclareceu Milley, sobre este transtorno caracterizado por mudanças de humor, depressão, ansiedade e insônia, e diagnosticado em cerca de 250 mil militares americanos depois das guerras de Iraque e Afeganistão.

“Foi examinado a fundo e até o momento não temos indícios no histórico das entrevistas que houvesse sinais indicativos de violência, tanto contra ele como contra outros. O plano que se considerou apropriado era seguir vigiando-o e tratando-o”, explicou o secretário do exército americano, John McHugh.

López sofria, sim, de depressão, ansiedade e transtornos do sono, e os médicos lhe receitaram Ambien, um sedativo para combater a insônia, explicaram as autoridades.

O atirador trabalhava, mas não vivia na base de Fort Hood, que tinha reforçado a segurança desde a tragédia de 2009, algo que, segundo Odierno, evitou mais mortes.

Nesta ocasião, apesar de a tragédia de 2009 ter voltado à mente dos moradores da base, as autoridades militares não veem indícios de conexões “com organizações extremistas de nenhum tipo”.

O Pentágono não estabeleceu ainda motivos claros para o ataque, mas não descarta a hipótese de terrorismo extremista.

“Até o momento, temos um histórico limpo em termos de comportamento, não há marcas negativas de nenhum tipo nem indicações de má conduta”, explicou o secretário do exército americano.

Em Porto Rico, onde nasceu, os moradores de Guayanilla descreveram López como pacífico, religioso e apaixonado pela música, e contaram à imprensa local que a mãe e o avô materno do soldado morreram nos últimos meses.

Aparentemente, o militar ficou contrariado pela breve permissão que lhe foi concedida para despedir-se de sua mãe, de apenas 24 horas. EFE

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