Exílio cubano afirma que reunião de Obama e Castro legitima a opressão

  • Por Agencia EFE
  • 11/04/2015 19h32
  • BlueSky

Emilio J. López.

Miami (EUA), 11 abr (EFE).- Grande parte do exílio cubano opinou neste sábado que o encontro dos presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e de Cuba, Raúl Castro, na Cúpula das Américas só serve para legitimar a “opressão” do castrismo e denunciou que os direitos dos cubanos foram “os grandes excluídos” da reunião continental.

O sentimento de decepção e indignação é o que predomina na avaliação do exílio sobre a reunião tête-à-tête de Obama e Castro no Panamá, que é a primeira em mais de meio século entre líderes dos EUA e de Cuba.

Obama e Castro selaram o degelo das relações diplomáticas entre dois países até agora antagonistas, sem que o regime cubano tenha dado sinais de querer avançar rumo à construção de instituições democráticas na ilha e ao respeito aos direitos humanos, disseram líderes do exílio.

Sylvia Iriondo, presidente do grupo Mar por Cuba, que denunciou ter sido agredida no Panamá por oficiais castristas da mesma forma que outros dissidentes que participaram dos foros prévios à cúpula, disse à Agência Efe que o encontro de hoje e o aperto de mãos da sexta-feira entre Obama e Castro “legitimam a opressão, a violência e a barbárie que continuam sendo promovidas pelo regime castrista”.

Para Iriondo, a prova mais recente de que o governo cubano segue amparando ações repressivas e de intimidação foi a agressão que sofreram na quarta-feira passada vários dissidentes cubanos no Panamá por parte de oficiais castristas.

Quem também expressou sua indignação pela reunião de Obama com Castro foi Antonio Díaz Rodríguez, secretário-geral do Movimento Cristão de Libertação (MCL), fundado pelo falecido Oswaldo Payá, que foi um dos líderes mais importantes da dissidência interna cubana.

“Os cubanos somos os grandes excluídos da cúpula, os que continuamos sofrendo a tirania do castrismo, contemplando uma reunião (de Obama com Castro) que não representa os direitos do povo de Cuba”, argumentou Díaz.

Por sua vez, o destacado grupo do exílio Diretório Democrático Cubano considerou que a reunião entre os líderes “não significa nenhuma mudança fundamental na realidade cubana nem beneficia o povo cubano”.

Além disso, segundo o grupo, esta aproximação dos EUA “legitima a ditadura totalitária castrista perante a comunidade internacional e vira as costas aos lutadores cívicos” de dentro e fora da ilha.

A esta avaliação crítica uniu-se José Basulto, fundador da organização Irmãos ao Resgate, que disse que o encontro de Obama e Castro reflete “tristemente os extremos nos quais caíram os Estados Unidos, algo que quebrou todas as normas de conduta”.

Basulto lembrou o atentado terrorista de 24 de fevereiro de 1996, quando dois pequenos aviões do Irmãos ao Resgate, um grupo dedicado ao resgate de balseiros cubanos, foram atingidos por mísseis ar-ar disparados por caças MIG cubanos em espaço aéreo internacional e três pilotos morreram.

Por isso, ressaltou, “após Cuba praticar o terrorismo durante mais de meio século”, seria uma imoralidade que os Estados Unidos retirassem o governo cubano da lista de países patrocinadores do terrorismo.

Em qualquer caso, segundo Basulto, “abrir relações com um país (Cuba) que não realizou nenhuma mudança nem ofereceu concessões em matéria de direitos humanos” é um “insulto” para os exilados e uma “perda de tempo para os Estados Unidos”. EFE

emi/rsd

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.