Êxodo continua na Síria e número de refugiados bate recorde histórico
Genebra, 29 ago (EFE).- A guerra civil na Síria forçou a fuga de três milhões de pessoas do país, um recorde dramático alcançou nesta sexta-feira, revelou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
Apesar da explosão de outros graves conflitos desviarem a atenção que o mundo tinha colocado na Síria, a maré de civis sírios que fogem não sobrancelhas apesar de que escapar é agora inclusive mais difícil que antes.
“Muita gente deve pagar subornos nos postos de controle que proliferam nas fronteiras. Os refugiados que cruzam o deserto até o leste da Jordânia são forçados a pagar aos traficantes grandes somas, que podem ser de US$ 100 ou mais por pessoa”, assinalou o órgão.
Após anunciar que o recorde de três milhões de refugiados sírios, o Acnur disse que isto indica que quase a metade de toda a população da Síria abandonou seu lar para salvar a própria vida.
Isto caso se considere que 6,5 milhões de outras pessoas se transformaram em deslocados dentro do próprio país.
A pressão do êxodo aumentou devido aos novos combates, e que a frente de batalha muda constantemente, deixando novas áreas vazias.
Refugiados recém chegados à Jordânia relataram, por exemplo, que fugiram de recentes ataques em áreas de Al Raqqah e Aleppo, a primeira dominada por extremistas do grupo Estado Islâmico (EI), enquanto estes e as forças do regime sírio se disputam o controle da segunda.
Em relação com o terreno ganho por esse grupo radical sunita, o Acnur se preocupa com a sorte de centenas de sírios que ficaram presos no acampamento de Obaidi, na cidade iraquiana de Al Qaim, na fronteira com a Síria e que está desde julho nas mãos de EI.
A equipe internacional do Acnur e de outras entidades estrangeiras tiveram que abandonar o local – tanto escritórios como armazéns – e ninguém pôde retornar desde então.
Embora entidades nacionais continuem a fornecer alguma ajuda, esta não é constante.
A grande maioria de refugiados sírios está nos países vizinhos, com o Líbano, que acolhe 1,14 milhão; a Jordânia, 608 mil, e a Turquia, com 815 mil, segundo o organismo humanitário.
A crise na Síria se transformou no maior para o Acnur em seus 64 anos de história, só atrás dos palestinos, cujos precedentes remontam a mais de 60 anos atrás.
“A crise síria se transformou na maior emergência humanitária de nossa era e o mundo não consegue cobrir as necessidades dos refugiados e dos países que os alojam”, alertou o responsável do Acnur, António Guterres.
O órgão reconheceu que desde a explosão da crise, em 2011, os doadores – estatais e privados – foram generosos em financiar a ajuda aos refugiados sírios, mas as necessidades aumentam muito mais rápido do que as contribuições.
No total, os doadores deram US$ 4,1 bilhões para os sucessivos planos de ajuda da ONU, mas o Acnur estima que ainda sejam necessários mais US$ 2 bilhões para cobrir as necessidades até fim de ano.
De forma mais específica, o órgão estima que 2,4 milhões pessoas precisarão de ajuda nas próximas semanas para se prepararem para o inverno.
Em 2013, o Acnur deu alimentos a 1,7 milhão de refugiados sírios, ofereceu abrigo a 400 mil e garantiu a educação para 350 mil crianças. EFE
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