Extrema esquerda pede eleições antecipadas na Grécia, mas governo rejeita

  • Por Agencia EFE
  • 26/05/2014 15h15

Ingrid Haack.

Atenas, 26 mai (EFE).- O líder do partido de extrema esquerda Syriza, Alexis Tsipras, reivindicou novamente nesta segunda-feira a realização de eleições antecipadas, “o mais rápido possível”, para restabelecer a “legitimidade democrática” na Grécia, após a vitória de seu partido no pleito europeu, uma exigência que o governo descartou como uma proposta sem seriedade.

Após um encontro com o presidente da república, Karolos Papoulias, o líder do Syriza garantiu que “existe um desequilíbrio óbvio entre a vontade popular e o Parlamento, portanto a maioria existente não tem legitimidade para tomar decisões importantes”.

Tsipras qualificou as eleições europeias como um fracasso para os partidos do governo, o conservador Nova Democracia (ND) e o social-democrata Pasok, já que o Syriza foi superior aos mesmos em quatro e 18 pontos respectivamente.

No entanto, explicou que o seu pedido de eleições antecipadas não é devido a essa diferença, mas porque a coalizão governante perdeu 11 pontos em comparação com os resultados das legislativas de 2012.

Após a apuração de 95,54% dos votos, o Syriza alcançou 26,5%, o que se traduz em seis cadeiras na Eurocâmara, enquanto o ND ficou com 22,7% e conseguiu cinco eurodeputados.

O governo também argumentou com números para rejeitar o pedido de eleições antecipadas, ao ressaltar que o Syriza perdeu 150 mil votos (0,4%) em relação às eleições legislativas de junho de 2012, na qual o partido de extrema esquerda teve os seus melhores resultados.

O porta-voz do governo, Simos Kedikoglu, insistiu hoje que a votação foi para a escolha dos deputados do Parlamento Europeu e não para o Parlamento nacional.

“Dar ao voto do povo uma interpretação completamente distinta do que foi perguntado nas cédulas constitui uma tentativa de violação da Constituição”, disse Kedikoglu.

Apesar de ser evidente que o Syriza não conseguiu tirar mais proveito do descontentamento popular do que em 2012, quando ainda não tinha começado a pior das reformas econômicas, também é certo que se trata da primeira vez que um partido à esquerda da social-democracia consegue vencer as eleições na Grécia.

Além disso, em comparação com as eleições europeias de 2009, o Syriza multiplicou por seis os seus resultados.

O Nova Democracia, por outro lado, perdeu dez pontos percentuais em relação às eleições europeias e sete em comparação com as gerais.

O partido que mais perdeu foi o outro integrante da coalizão de governo, os social-democratas do Pasok, que despencaram 29 pontos percentuais no domingo em relação às últimas eleições europeias (2009) e pouco mais de quatro em comparação com as legislativas de 2012, ao conseguir apenas 8%.

No entanto, o fato de as pesquisas terem estimado um resultado ainda pior e que a soma dos percentuais do ND e do Pasok os deixaram ainda com quatro pontos à frente do Syriza, a coalizão do governo fica em uma situação menos agonizante do que pareceu em um primeiro momento.

Por enquanto, o Pasok não sente que deve deixar o Executivo conforme deu a entender o líder da legenda, Evangelos Venizelos, no caso de um mal resultado (pior do que afirmavam as pesquisas).

Longe disso, Venizelos disse em uma primeira reação que agora é hora de rever os termos do acordo de governo, de modo que possa haver um maior respaldo parlamentar do que os dois votos de maioria, sobre um total de 300 deputados, da coalizão nesse momento.

As palavras de Venizelos foram interpretadas como uma tentativa de recuperar alguns dos 20 deputados independentes, a maioria antigos membros do ND e do Pasok, e conseguir assim uma maioria mais estável.

Samaras e Venizelos se reunirão na próxima quinta-feira para fazer uma análise da situação.

O jornal “Ta Nea” afirmou em sua edição de hoje que é provável que Samaras tente dar um novo impulso ao governo através de uma reforma do gabinete.

De acordo com o calendário estabelecido com a troika, a Grécia deverá realizar, ainda no segundo semestre, uma série de ajustes polêmicos, entre eles a demissão de 11 mil funcionários públicos. EFE

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