Falciani: lista com 106 mil nomes é apenas “ponta do iceberg”

Paris, 10 fev (EFE).- O técnico em computação Hervé Falciani, funcionário do HSBC que vazou dados sobre as práticas de evasão fiscal do banco em sua unidade na Suíça, afirmou que existem muitos mas do que os 106 mil titulares de contas suspeitos de evasão que aparecem em uma lista divulgada pela imprensa.

“Nada mais é do que a ponta do iceberg”, afirmou Falciani em entrevista publicada nesta terça-feira no jornal “Le Parisien”. Segundo o técnico, os jornalistas só tiveram acesso a “uma parte” dos dados que ele vazou ao deixar o HSBC, em 2007.

Falciani disse que os dados registram “milhões de transações” interbancárias, números que “podem dar uma ideia do que pode estar debaixo do iceberg”.

De acordo com o consórcio de meios de comunicação que ontem revelou o conteúdo dos vazamentos, foram identificados 106 mil proprietários de contas, de cerca de 200 países, na unidade suíça do HSBC, somando uma quantia de US$ 180,6 bilhões.

Perguntado sobre se instituições financeiras francesas estariam envolvidas, Falciani respondeu que “é impossível que os grandes bancos franceses não estivessem” pois “estão bem posicionados” no mercado.

Falciani afirmou ainda que os novos dispositivos internacionais para a troca automática de informação bancária com fins fiscais não porá fim à evasão.

“A regulamentação vai se concentrar sobretudo nos clientes particulares que declaram uma conta em seu nome próprio”, mas esses são os “pequenos” fraudadores, enquanto os de alto nível recorrem a sociedades de fachada, “às vezes criadas de forma fraudulenta”.

Para Falciani, as tramas financeiras de evasão fiscal constituem um fenômeno ao qual não é dada a devida importância. EFE