Falta de acordo sobre crise aumenta clima de nervosismo em Atenas

  • Por Agencia EFE
  • 25/06/2015 15h26

Remei Calabuig e Ingrid Haack.

Atenas, 25 jun (EFE).- Enquanto em Bruxelas continuam as negociações para definir o futuro da Grécia, em Atenas o clima de nervosismo aumenta diante da ausência de um acordo com os credores, às vésperas do final da prorrogação do resgate.

A reunião desta quinta-feira do Eurogrupo (ministros de Economia e Finanças da zona do euro), a terceira realizada em quatro dias, terminou novamente sem acordo sobre o documento apresentado pelas três instituições, que basicamente contém as propostas formuladas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), com algumas concessões à Grécia.

O governo grego já tinha antecipado que continua defendendo a proposta que apresentou na segunda-feira, pois foi “reconhecida” então “como base dos debates” nas negociações pelas instituições, a Comissão Europeia (CE), o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O governo grego rejeitou o último documento porque incluía medidas que considera inaceitáveis em temas como o mercado de trabalho, as aposentadorias ou o pedido de elevação do IVA (imposto sobre valor agregado) de restaurantes, caterings e hotéis até 23% a partir de 1º de julho, afirmaram à Agência Efe fontes do governo.

Apesar das dificuldades nas negociações das últimas horas, tanto o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, como o ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, se mostraram convictos de que finalmente o país poderá chegar a um acordo com os parceiros de União Europeia.

Os mercados também parecem ver próximo um pacto, pois apesar de que durante toda a jornada quase não houve avanços nas negociações de Bruxelas, a Bolsa de Atenas fechou com alta de 0,1%.

Este otimismo contrasta com as vozes de alguns políticos que hoje já se preparavam para o pior dos cenários.

O ministro do Trabalho grego, Panos Skurletis, afirmou que todas as “opções estão abertas” em relação ao resultado das conversas e denunciou as últimas ações das instituições como “táticas dilatórias” fora de qualquer “ética política”. Já o líder do partido conservador Nova Democracia, o ex-primeiro-ministro Antonis Samaras, disse que o futuro europeu do país não é negociável.

“Independentemente dos erros gravíssimos deste governo, nossos aliados europeus devem apoiar os gregos, com solidariedade, porque os gregos pagaram um preço muito alto”, afirmou Samaras em comunicado após uma reunião do Partido Popular Europeu em Bruxelas.

Do outro extremo político, o secretário-geral do Partido Comunista, Dimitris Kutsubas, qualificou um possível acordo sob estas condições como “guilhotina”.

Nas ruas, o sentimento é de preocupação quanto à demora de um compromisso.

Yorgos, de 57 anos e fruteiro de profissão, considera que entre um acordo muito ruim e a ruptura com o euro, o governo deve optar pela segunda opção, caso contrário, considera que a carreira política de Tsipras “terá terminado”.

Uma opinião menos radical, mas provavelmente mais próxima do senso comum, é a expressada por Dimitris, um advogado de 31 anos que argumentou que “o coração pede para que se opte pela ruptura, mas a lógica pede o acordo”.

“Se a política deve ser lógica, é preciso aceitar o acordo”, frisou.

O adiamento de uma nova reunião do Eurogrupo (ministros de Economia e Finanças da zona do euro) para sábado impossibilitou o calendário que vinha sendo especulado pela imprensa grega e que vislumbrava a aprovação do acordo pelos órgãos do partido governante Syriza até justamente esse dia, para ser submetido a votação no parlamento do país no domingo.

Dessa forma, poderia ser conseguida uma ratificação nos demais parlamentos europeus que exigem votação antes de terça-feira (30), quando, além do vencimento da prorrogação do resgate, a Grécia deverá quitar um empréstimo de 1,6 bilhão de euros com o FMI. EFE

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