Falta de vacinas pode causar epidemia de meningite C na África

  • Por Agencia EFE
  • 28/07/2015 13h00

Genebra, 28 jul (EFE).- A falta de vacinas contra a meningite C pode provocar uma epidemia da doença nos próximos meses na África, alertaram nesta terça-feira a Organização Mundial da Saúde (OMC), o Unicef, a Médicos Sem Fronteiras e a Cruz Vermelha.

As quatro organizações, que formam o Grupo Internacional de Coordenação para o Controle da Meningite Epidêmica (ICG, em sua sigla em inglês), enviaram um sinal de alerta diante da possibilidade de não poder impedir uma epidemia.

A causa principal da falta de vacinas é que as farmacêuticas que as produzem, especialmente a britânica GlaxoSmithKline e a francesa Sanofi Pasteur, dizem que não podem aumentar sua produção.

Nos últimos seis meses, no Níger e na Nigéria foram contabilizados 12 mil doentes de meningite, dos quais 800 morreram, e os especialistas temem que os casos se multipliquem se não houver um forte ação preventiva.

A meningite é uma inflamação das membranas que envolvem o sistema nervoso central no cérebro, pode causar dano cerebral e é mortal em 50% dos casos se não for tratada.

A doença é tratada com antibióticos, mas nem sempre esses medicamentos estão disponíveis, ou os doentes não têm acesso à medicação ou simplesmente a um centro de saúde.

Várias bactérias podem causar a meningite e uma, a Neisseria meningitidis, tem o potencial de causar epidemias. De seus 12 sorotipos, seis podem ser potencialmente pandêmicos: A, B, C, W, X, e E.

A vacina contra o sorotipo A é bastante difundida, com mais de 100 milhões de doses distribuídas em 25 países da África que formam o chamado “cinturão da meningite” e sua expansão está controlada. O serotipo C é o que está aparecendo desde 2013 com mais virulência nos últimos meses.

“Precisamos de forma urgente de cinco milhões de doses de vacinas contra a meningite C e a preços acessíveis”, disse em entrevista coletiva Olivier Ronveaux, especialista da OMS.

A vacina mais adequada seria uma “conjugada multivalente”, uma que ataque diferentes sorotipos e que conte com uma proteína que a torne muito mais efetiva para proteger de forma completa a pessoa que a receba.

“Apesar de o ICG ter pedido com insistência essas 5 milhões de doses, até agora não obtivemos uma resposta positiva porque os preços que nos oferecem rondam entre US$ 30 e US$ 50 dólares por dose, quando a da vacina contra o sorotipo A custa US$ 0,60”, afirmou William Perea, coordenador de epidemias da OMS.

Além disso, segundo os especialistas, as farmacêuticas não querem ou não podem aumentar a capacidade de produção dessas vacinas, que lutariam contra os sorotipos A, C, W e E.

A OMS organizará um encontro de especialistas em outubro, em Genebra, para analisar a ameaça de uma epidemia de meningite e discutir sobre o que fazer a respeito. EFE

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