Família de jovem negro dos EUA morto por policial branco exige indenização

  • Por Agencia EFE
  • 23/04/2015 17h12
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Washington, 23 abr (EFE).- A família de Michael Brown, o jovem negro que foi morto por um policial branco em agosto de 2014 em Ferguson (Missouri), processou a cidade nesta quinta-feira por um caso de “morte por negligência” e exigiu uma indenização de US$ 75 mil por danos e prejuízos.

Em entrevista coletiva diante do tribunal do condado de Saint Louis (Missouri), os advogados da família asseguraram que entraram com uma ação pela via civil para ter uma compensação econômica e cobrir o custo do processo judicial.

A via penal foi encerrada no dia 24 de novembro, quando um grande júri decidiu não apresentar acusações por homicídio contra o policial branco Darren Wilson, que matou Brown a tiros quando este estava desarmado e que também foi absolvido de violação dos direitos civis.

Em uma investigação de sete meses, o Departamento de Justiça concluiu que não existem provas suficientes para duvidar que Wilson, agora em liberdade e sem acusações, temia por sua segurança quando disparou contra Brown e que, portanto, atuou guiado pelo medo e não por preconceitos raciais.

“Michael Brown recebeu seis disparos pelas costas. Foi morto pelas costas, a bala foi nessa direção. As evidências físicas provam o assassinato de um rapaz que acabou no chão com seis disparos nas costas”, ressaltou o advogado Anthony Gray durante a entrevista coletiva.

Desta forma, o advogado falou sobre as exigências dos pais do jovem, que nunca aceitaram a versão de que o agente atuou em defesa própria e que, durante a entrevista coletiva, preferiram permanecer de pé, em silêncio, atrás dos advogados.

A morte do jovem, de 18 anos, provocou uma onda de protestos e distúrbios com dezenas de detidos e reabriu o debate sobre a discriminação racial por parte da polícia.

Consciente do simbolismo do caso de Brown, o advogado Benjamin Crump citou durante a entrevista os casos de outros afro-americanos mortos nos últimos meses pelas mãos da polícia, como Eric Garner, em Nova York, e Tamir E. Rice, de apenas 12 anos, em Cleveland (Ohio).

“A narrativa da polícia se contradiz com as evidências objetivas. Quando os Estados Unidos desafiarão a narrativa da morte de pessoas de cor? Os Estados Unidos não podem suportar mais isto”, declarou Crump.

Em reação à forma de operar da polícia municipal, o Departamento de Justiça realizou uma investigação sobre a polícia local de Ferguson, cujas conclusões mostram discriminação racial e um padrão de uso excessiva da força contra os negros dentro da corporação.

A morte de Brown forçou uma série de demissões em cadeia de altos funcionários da cidade, entre elas a do chefe de polícia, a do administrador da cidade e a do juiz municipal.

Agora a cidade está imersa em processo de renovação e nas últimas eleições municipais, cujos resultados foram divulgados na semana passada, foram eleitos como vereadores dois afro-americanos.

Em comunicado, a prefeitura destacou então que as autoridades municipais contam em suas fileiras, pela primeira vez em 120 anos de história, com três membros negros, os dois novos e um que já integrava o consistório. EFE

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