Família de jovem negro morto em Ferguson processará policial que atirou
Washington, 5 mar (EFE).- Os pais de Michael Brown anunciaram nesta quinta-feira que processarão o policial Darren Wilson, que matou a tiros o jovem negro em Ferguson, Missouri, e que foi exonerado ontem por violação dos direitos civis.
O advogado da família, Daryl Parks, fez o anúncio hoje em entrevista coletiva na igreja batista de São Marcos, no norte do condado de Saint Louis, perto da cidade de Ferguson.
A morte do jovem, de 18 anos, provocou uma onda de protestos e distúrbios com dezenas de detidos e reabriu o debate sobre discriminação racial pela polícia.
O processo foi ajuizado na vara civil e, com ele a família procura obter uma compensação econômica, depois de a ação penal ser encerrada em 24 de novembro, quando o grande júri decidiu não acusar o policial de homicídio.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos deu mais um passo e exonerou Wilson por ter descumprido a lei de direitos civis quando disparou contra o jovem afro-americano, que estava desarmado.
A investigação da Justiça, de sete meses, concluiu que não existem provas suficientes para duvidar que Wilson temia por sua segurança quando disparou contra Brown e que, portanto, atuou guiado pelo medo e não por preconceitos raciais.
Os pais do jovem nunca aceitaram a versão de que o policial atuou em legítima defesa e decidiram processar o agente e as autoridades da própria cidade de Ferguson.
“As últimas 24 horas foram muito duras para a família”, destacou Parks durante a entrevista coletiva, em que os pais do jovem permaneceram atrás dos advogados em silêncio.
Paralelamente às investigações sobre a morte de Brown, o Departamento de Justiça realizou outra sobre a polícia local. As conclusões mostraram discriminação racial e um padrão de uso excessivo de força contra afro-americanos.
O relatório, de 102 páginas, divulgado nesta quarta-feira, apontou que nos últimos dois anos os cidadãos afro-americanos de Ferguson, 67% da população, foram alvo de 85% das detenções de trânsito, 93% das detenções totais, e em 88% dos casos a polícia usou a força.
O procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Holder, cobrou ontem as autoridades locais a tomarem medidas.
Seu Departamento tem autoridade para forçar a polícia local a executar mudanças e, caso fracassem, denunciar a cidade por violação constitucional. EFE
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