Família exige retorno de americano deportado ao México por ser “moreno”

  • Por Agencia EFE
  • 24/03/2015 01h31
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Los Angeles (EUA), 23 mar (EFE).- A família de Carlos José Montoya, um americano deportado ao México pela Patrulha Fronteiriça, pediu nesta segunda-feira ao Departamento de Segurança Nacional (DHS) sua repatriação e uma investigação federal por considerar que “houve discriminação racial”.

“É repugnante que agentes federais discriminem os que passem a fronteira por serem morenos, isso não acontece com os canadenses ou com as pessoas brancas”, declarou o advogado Luis Carrillo.

“Eles me disseram que eu não era eu, que estava usando documentos falsos e que eu era um impostor”, relatou Montoya à Agência Efe, por telefone, do estado mexicano de Nayari.

Montoya, de 36 anos, não pôde passar do México aos Estados Unidos no último dia 1º de março pelo posto de controle fronteiriço de San Ysidro, na Califórnia.

“Eu lhes apresentei minha certidão de nascimento, minha identificação da Califórnia e meu cartão de seguro social e me disseram que eu era um impostor”, contou Montoya, que foi ao México para receber um tratamento contra a epilepsia.

“É uma injustiça o que fizeram com meu irmão, ele nasceu aqui neste país, e muitas vezes passou por essa fronteira”, assegurou à Efe Aida Montoya.

Carlos José Montoya foi criado em Nayari e só estudou alguns anos do ensino médio na Califórnia, motivo pelo qual não fala inglês com fluência.

“É o caso de muitos imigrantes, que preferem criar seus filhos no México, isso não é um delito”, ressaltou Carrillo.

A família solicitou hoje uma investigação ao inspetor geral do DHS, John Roth, além da permissão do reingresso de Montoya aos EUA.

“Este é o primeiro passo para conseguir justiça para este cidadão que foi discriminado e vítima de um perfil racial”, reiterou Carrillo.

Angélica De Cima, porta-voz da Patrulha Fronteiriça, disse que não pode discutir casos individuais, mas que todo cidadão americano deve apresentar um passaporte válido ao entrar no país.

“Ele nunca deu entrada no passaporte, eu também não tenho e sempre entrei no país com minha certidão de nascimento”, garantiu Aida Montoya.

De acordo com Carlos José Montoya, os agentes o interrogaram durante mais de quatro horas e lhe disseram que suas digitais não coincidiam com os arquivos federais.

O advogado denunciou que seu cliente foi detido durantes três dias e ameaçado pelos agentes com penas de prisão.

“Com essas ameaças o fizeram assinar documentos aceitando sua deportação e, além disso, teriam lhe dito para que inventasse um nome para que pudesse sair de prisão”, detalhou Carrillo.

Montoya disse à Efe que inventou o nome de José Francisco García. “Dessa forma me deram papéis que me obrigaram a assinar, onde se diz que não posso voltar a entrar em dez anos”, afirmou. EFE

amv/rsd

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