Familiares chineses de avião da Malaysia desaparecido pedem mais investigação

  • Por Agencia EFE
  • 06/08/2015 11h19

Pequim, 6 ago (EFE).- Os familiares de alguns dos 153 passageiros chineses do avião da Malaysia Airlines desaparecido em março de 2014 não deram crédito à afirmação do governo da Malásia de que o destroço de uma aeronave encontrado na ilha de Reunión, na Polinésia Francesa, é do avião que fazia o voo MH370 e pediram “mais investigações”.

Uma mistura de irritação e incredulidade marcou o discurso de Jiang Hui, porta-voz das famílias dos ocupantes chineses do Boeing 777 do voo MH370 que fazia a rota Kuala Lumpur – Pequim, desaparecido com 239 pessoas a bordo.

“A Malásia não leva em conta as emoções dos familiares”, disse à Agência Efe Jiang, cuja mãe estava no voo e que vê com absoluto receio a confirmação realizada na quarta-feira pelo primeiro- ministro malaio, Najib Razak, que o fragmento encontrado em uma praia de Reunión pertence ao avião.

A postura de Jiang contrasta com a segurança mostrada pelo presidente malaio e com a cautela do promotor francês, Serge Mackowiak, responsável pela investigação judicial na França, que evitou ontem confirmar que a peça seja do avião desaparecido.

“Há duas partes: uma da França e outra da Malásia. Os primeiros disseram que precisam de mais provas, mas a parte malaia utilizou palavras muito firmes”, ressaltou Jiang, que, por essas e outras razões, disse acreditar “se tratar de uma conspiração”.

“Estou 100% seguro disso”, acrescentou.

Nos mesmos termos se expressou Dai Shuqin, de 62 anos, irmã de um dos passageiros, nos arredores do edifício que abriga os escritórios da Boeing e da Malaysia Airlines em Pequim, onde cerca de 15 familiares foram hoje em busca de mais informações.

Rodeada por policiais que impediram os jornalistas entrar no imóvel, Dai enfatizou à imprensa, incluindo a Agência Efe, que “tudo é uma conspiração. A Malásia sempre quis encerrar este caso o mais rápido possível”.

Como Jiang, ela criticou as incoerências entre a resistência da parte francesa de afirmar taxativamente que a parte de asa encontrada pertence ao Boeing 777 desaparecido e a contundência, por outro lado, do governo malaio.

“Em 24 de março (a Malásia) declarou que o avião caiu no Oceano Índico meridional, como eles queriam que fosse”, apontou Dai, que descartou aceitar a indenização que a companhia aérea ofereceu há algum tempo para encerrar o assunto.

Após quase um ano e meio de discussão e sofrimento, Jiang evidenciou a desatenção da parte chinesa, que não os informou das últimas novidades do caso.

“Creem se tratar de um tema comercial nas mãos de uma companhia estrangeira. Por isso, se as famílias não perguntam, o governo chinês não se comunica voluntariamente para ajudá-las ou atender seus direitos”, desabafou à Efe.

O porta-voz lembrou à Efe os pedidos dos parentes dos desaparecidos: recuperar o centro de assistência para as famílias (na China), ir à ilha (de La Reunión) e retomar as investigações para descobrir as causas do acidente.

“A parte malaia disse que, uma vez descobertos os destroços, nós familiares poderíamos ir à cena para vê-los. Venho por isso, para buscar uma resposta exata”, disse Dai.

E acrescentou: “Não vamos nos despedir de nossos familiares. Para nós, eles ainda estão vivos. Não vamos dizer adeus. Esperamos que esteja tudo bem onde quer que estejam”. EFE

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