Familiares de desaparecidos no naufrágio vivem momentos dramáticos

  • Por Agencia EFE
  • 05/06/2015 11h46
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Tamara Gil.

Jianli (China), 5 jun (EFE).- Os parentes dos desaparecidos no naufrágio do navio “Estrela Oriental”, na China, vivem os momentos mais difíceis de suas vidas, entre a falta de informação e o acesso restrito ao local, enquanto o número de corpos encontrados no rio não para de subir.

As equipes que trabalham no Yang Tsé, o maior rio do país, onde ocorreu o acidente na segunda-feira, conseguiram desvirar o navio nesta sexta-feira. Foi preciso trabalhar durante toda a noite e todo o dia para realizar a complicada tarefa, por conta da forte correnteza e da pouca visibilidade da água.

Após decidir desvirar a embarcação, o governo informou que 20 corpos foram achados, por isso o total de vítimas já está em 103. Eram 456 as pessoas que viajavam no “Estrela Oriental”, e apenas 14 sobreviveram à catástrofe, entre elas o capitão e o chefe de máquinas, que conseguiram sair do navio, supostamente atingido por um ciclone, antes do afundamento.

“Achamos que as autoridades insistiram muito em que as causas do desastre foram os fatores naturais. Queremos uma investigação completa”, pediu hoje Xia Yunchen, que falou com a imprensa sobre a preocupação dos parentes por conta da desinformação à que são submetidos.

A irmã mais velha de Xia é uma das centenas de pessoas ainda desaparecidas na catástrofe, e a falta de respostas a coloca em uma situação desesperadora.

“Queremos ver os corpos de nossos familiares. Alguns acreditam que o governo quer esconde-los. Temos o direito de enterrá-los”, gritou Xia, cercada de jornalistas, apesar de membros das equipes tentarem convence-la a ir embora e voltar ao hotel.

Assim como ela, outros parentes também foram até o lugar do acidente, apesar de as autoridades conseguirem separar-lhes da imprensa com a ajuda da polícia.

“Vocês têm que sair daqui”, ordenou à Efe um policial fechando uma cerca de metal para manter separados jornalistas de afetados pela tragédia.

Os parentes já perdem a esperança de encontrar seus entes queridos com vida e aumentaram os protestos após quatro dias em que só sabiam dos avanços das buscas através da imprensa oficial, já que são obrigados a permanecer em seus hotéis de Jianli, a cidade mais próxima à cena da catástrofe.

As autoridades já declararam ontem que a possibilidade de encontrar sobreviventes é mínima e, por isso, decidiram realizar a complicada operação desvirar o navio. Agora, a atenção está voltada as centenas de mergulhadores que exploram cabine por cabine para encontrar o mais rápido possível às vítimas e tirar seus corpos da água.

A maioria dos passageiros era turista com idade entre 50 e 80 anos, e o acidente, que ocorreu por volta das 21h30 (horário local, 10h30 em Brasília), os surpreendeu já na hora de dormir.

Em meio a esta tragédia fluvial, que já se tornou a pior da história recente do país, os cidadãos de Jianli se transformaram em exemplo de solidariedade. A campanha iniciada há poucos dias para levar gratuitamente as pessoas à cidade foi muito bem-sucedida e agora vários veículos exibem uma fita na cor amarela para indicar que participam dela.

“Para onde você quer ir?”, perguntava hoje um motorista a familiar de uma vítima que pediu para ser levada ao hotel, a quem ele respondeu “sem problema”.

No carro, o motorista escutava atento a rádio local, que transmite de forma ininterrupta mensagens de pessoas que precisam de ajuda. De parentes a militares, todos são respondidos com rapidez pelos cidadãos de Jianli. EFE

tg/cdr

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