Familiares de vítimas de Srebrenica esperam que Holanda reconheça mais culpa
Sarajevo, 16 jul (EFE).- Os familiares das vítimas do massacre de Srebrenica se mostraram nesta quarta-feira apenas parcialmente satisfeitos com a decisão de um tribunal de Haia que considerou o Estado holandês responsável pela deportação e pela morte de 300 homens muçulmanos em 1995, e pedirão a responsabilização de todos.
“Aceitaram a responsabilidade e esperamos o reconhecimento para os outros grupos (de vítimas) também”, declarou ao portal bósnio “Klix” a presidente da Fundação Mães de Srebrenica, Munira Subasic.
Considerou que “isso é política, para que preparem o público holandês, porque não é fácil dizer de repente que são responsáveis por todos os assassinatos”, disse.
Cerca de 8 mil homens muçulmanos de diversas idades foram assassinados depois que as tropas servo-bósnias, sob comando do general Ratko Mladic, conquistaram o enclave em julho de 1995, poucos meses antes do fim da guerra da bósnia, que começou em 1992.
Srebrenica era então uma zona protegida pelos “boinas azuis” holandeses.
Em declaração aos veículos de comunicação bósnios, o advogado da Fundação, Semir Guzin, considerou a decisão como “histórica”.
“Há alguns anos isso era inimaginável. Seguiremos com a luta. Apelaremos em relação à sentença negativa”, disse o advogado.
Alertou no entanto que o tribunal “dividiu as vítimas em três categorias”, e que “a justiça foi alcançada (apenas) para uma”.
Um grupo (de vítimas) esteve na própria base (da ONU), e para ele a sentença é positiva. Outro grupo estava próximo à base e um terceiro saía de Srebrenica, em direção às florestas dos arredores, explicou o advogado.
O Tribunal de Haia emitiu hoje a sentença à demanda apresentada pela Fundação Mães de Srebrenica contra o Estado holandês por sua suposta responsabilidade no massacre.
A Fundação sustenta que o Estado holandês não soube defender os muçulmanos e anunciou que recorrerá da sentença.
O tribunal considerou hoje que o Estado holandês é “responsável pelo dano sofrido pelos familiares de cerca de 300 homens que ao meio-dia de 13 de julho de 1995 foram evacuados por forças servo-bósnias do local, o que levou à morte da maioria”.
Em todo caso, a decisão nega a responsabilidade do Estado na totalidade do massacre. EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.