Famílias de soldados britânicos mortos no Iraque cobram relatório sobre ação
Londres, 13 ago (EFE).- As famílias de 29 soldados britânicos mortos na Guerra do Iraque anunciaram nesta quinta-feira que processarão o juiz que investiga a participação do Reino Unido nesse conflito se ele não fixar uma data para publicar suas conclusões antes do fim do ano.
A chamada Comissão Chilcot, presidida pelo magistrado John Chilcot, iniciou uma pesquisa entre 2009 e 2011 para questionar os motivos por trás dessa disputa armada, mas suas conclusões ainda não foram publicadas.
“Chegamos a uma situação em que o Iraque é como uma ferida aberta em que esbarramos constantemente e que se mantém aberta com estes atrasos”, declarou hoje à emissora “BBC” Reg Keys, cujo filho Tom morreu em combate em 2003, aos 20 anos.
Keys acrescentou que “as famílias querem fechar este assunto já, porque os parentes dos soldados precisam saber por que morreram seus entes queridos”.
Este pai , que faz parte de um grupo de 29 famílias, afirmou hoje que seus advogados levarão Chilcot ao Tribunal Superior britânico se não fixar, de uma vez por todas, uma data para a publicação desse relatório.
O grupo deu este ultimato porque acreditam que o juiz violou a legislação vigente por ser incapaz de estabelecer um calendário “razoável” para pôr um ponto final a esta questão.
Também o primeiro-ministro, o conservador David Cameron, disse estar frustrado com este atraso e pediu que se fixe uma data “muito em breve”.
Chilcot disse mês passado que a investigação tinha “progressos significativos”, mas que não poderia ainda confirmar quando divulgará suas conclusões porque precisa de mais tempo para ligar para pessoas citadas no relatório, para que possam apresentar seus pontos de vista.
“Acredito que o senhor John não entende o quão forte é o sentimento de quem sofreu uma perda. Acho que deve entender agora que queremos que encerrem isto de maneira justa e de maneira correta”, enfatizou Keys.
Keys desabafou que gostaria de ver levado algemado à Justiça o ex-primeiro-ministro Tony Blair – no poder entre 1997 e 2007 – para ser acusado de “crimes de guerra”.
“É preciso lembrar que 180 militares (britânicos) faleceram no Iraque, mais de 3.500 ficaram feridos, dois milhões de iraquianos fugiram do Iraque e mais de 100 mil iraquianos inocentes foram assassinados”, assinalou Keys.
A Comissão presidida por Chilcot interrogou várias testemunhas entre 2009 e 2011, apesar de suas conclusões não terem sido publicadas ainda, em parte devido também às negociações sobre a divulgação das conversas entre Blair e o ex-presidente americano George W. Bush. EFE
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