Famoso ativista anticorrupção é preso na China por contratar prostitutas
Pequim, 30 mar (EFE).- A polícia deteve o ativista anticorrupção Ou Shaokun e o acusou de “contratar prostitutas”, pouco depois de ele denunciar na internet que carros oficiais estavam sendo utilizados para “assuntos pessoais”, informou nesta segunda-feira o jornal “South China Morning Post”.
A detenção aconteceu na cidade de Changsha, na província de Hunan, quando os agentes, alertados por um cidadão, teriam encontrado Ou e outro homem com duas prostitutas, de 28 e 25 anos, publicou a polícia da cidade em sua conta no Weibo (rede social chinesa semelhante ao Twitter).
Segundo a informação oficial, o ativista permanecerá cinco dias detido, até quinta-feira, depois de tanto ele como seu amigo confessarem que tinham contratado prostitutas.
A prisão aconteceu apenas horas depois de o ativista publicar uma fotografia de um modelo esportivo de Toyota, que segundo Ou pertencia ao governo de Cantão, sendo usado para “assuntos pessoais”.
O ativista disse que o automóvel pertencia à polícia de Cantão e que o tinha visto no memorial a Mao Tsé-tung na cidade natal do falecido líder, Shaoshan.
“Estive apresentando provas do uso indevido de carros oficiais há mais de dez anos; por que continuam?”, publicou Ou na quinta-feira no Weibo, aonde conta com 104 mil seguidores, pouco antes de ser detido.
Organizações de direitos humanos consideram que o breve espaço de tempo entre a denúncia e a detenção não é mera coincidência.
“O governo chinês utiliza acusações inventadas e detenções arbitrárias contra cidadãos que ajudam o próprio Executivo a combater a corrupção”, afirmou à Agência Efe, Wendy Lin, da organização Chinese Human Rights Defenders.
Na opinião de Lin, sua detenção procura “difamar” Ou Shaokun, além de castigá-lo.
O disse diversas vezes estar “decepcionado” com a atitude das autoridades frente a suas denúncias, apesar de anunciarem que lutam contra a corrupção.
Cada vez que apresenta uma denúncia, assinalou Ou na internet, as autoridades garantem que investigarão essas “más práticas”, apesar de, segundo o ativista, até agora apenas terem obrigado os funcionários que utilizaram os carros para uso pessoal a pagarem a gasolina gasta. EFE
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