FAO encoraja países latinos a fazer leis para alimentação nas escolas

  • Por Agencia EFE
  • 27/02/2015 15h10
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Belém Delgado.

Roma, 27 fev (EFE).- Os países da América Latina e o Caribe deveriam desenvolver como leis os programas de alimentação nas escolas para que não dependam só dos governos da vez, mas se tornem em política de Estado, segundo a coordenadora regional da Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO) nesse âmbito, a brasileira Najla Veloso.

Em entrevista à Agência Efe pela internet Najla destacou o caso da Bolívia, que no final do ano passado seguiu o exemplo do Brasil e do Paraguai, e aprovou uma lei para esses programas, que pretendem melhorar a dieta dos estudantes e fomentar a produção local de alimentos.

“É necessário que a alimentação escolar seja regulada, de modo que essa questão não dependa dos governos que cheguem ao poder nem dos interesses próprios de autoridades locais e provinciais”, afirmou a coordenadora da FAO para o fortalecimento dessas políticas na América Latina e no Caribe.

Após seis anos de batalha parlamentar, a nova lei boliviana vai representar, segundo a especialista, um avanço no rendimento escolar e na qualidade, quantidade e diversidade dos produtos oferecidos, ao mesmo tempo em que vai estimular a economia dos agricultores familiares.

“O biscoito e o copo de leite já não são suficientes”, considerou Najla, em referência aos dois principais produtos que durante anos fizeram parte de diferentes programas na região.

Há mais de meio século o Brasil lançou um programa para distribuir refeições entre os estudantes, que foi impulsionado depois pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua luta particular contra a fome e que atualmente atende cerca de 45 milhões de pessoas de qualquer idade que estudam.

Pouco a pouco essa ideia foi sendo copiada nos demais países latino-americanos e caribenhos, alguns dos quais estão tramitando projetos parecidos com o brasileiro em diferentes níveis legislativos como El Salvador, Honduras, Costa Rica, Guatemala e República Dominicana, lembrou a especialista.

Em relação a Brasil, Paraguai e Bolívia, os únicos que têm leis nesse âmbito, Najla ressaltou que a aprovação dessas normas se deu em uma conjuntura política “propícia” nesses três países.

O mesmo conceito de alimentar nas escolas evoluiu neste tempo e já não é visto apenas como algo assistencial para “matar a fome”, mas está relacionado com o direito à alimentação, disse.

Najla acrescentou que se recomenda dar refeições em geral “com menos sal, açúcar e gordura, e em horas certas”, em uma tentativa de educar a população a comer de forma mais saudável.

A FAO promove os alimentos frescos como legumes, hortaliças, frutas e sucos naturais a fim de evitar os produtos industrializados e engarrafados, fomentando igualmente a compra de pequenos agricultores e o envolvimento das comunidades locais.

Em geral, Najla assegurou que, apesar dos avanços colhidos nos últimos anos em nível regional, ainda falta desenvolver elementos que garantam a sustentabilidade a longo prazo da alimentação nas escolas.

Às necessidades orçamentárias se unem a capacitação das mulheres voluntárias que cozinham nas escolas para alimentar os alunos e uma melhora das infraestruturas para que estas possam realizar a tarefa, segundo recomendações incluídas em um estudo comparativo entre oito países da região e publicado pela FAO este ano em inglês.

A América Latina e o Caribe reduziram a porcentagem de pessoas que sofrem fome nessa região de 15,3% no período 1990-1991 para 6,1% em 2012-2014, segundo números dessa organização das Nações Unidas. EFE

bds/ma

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