Farage: o líder do partido eurofóbico UKIP que tenta chegar ao parlamento
Viviana García.
Londres, 4 mai (EFE).- Nigel Farage, o líder do Partido de Independência do Reino Unido (UKIP), que pede a saída do país da União Europeia (UE), tenta entrar pela primeira vez no parlamento britânico com uma retórica eurofóbica e contrária à imigração.
Com seu sorriso quase sarcástico e sem papas na língua para criticar a presença de estrangeiros ou a burocracia europeia, Farage é o centro das atenções da campanha eleitoral, pois espera aumentar o número de cadeiras que obteve na última eleição (duas).
Seu contínuo discurso anti-UE ajudou-o a somar apoios entre os britânicos, segundo as pesquisas, que situam seu partido em terceiro lugar, atrás de conservadores e trabalhistas.
Em sua plataforma eleitoral, o UKIP afirma que é a única legenda sincera sobre a imigração e que trabalhará para a saída do Reino Unido da União Europeia.
Farage, deputado no Parlamento Europeu desde 1999 e que é candidato neste pleito pela circunscrição de Thanet South, no sudeste da Inglaterra, defende que a forma de “romper” a UE é a partir de dentro. Ele também afirma que as pequenas empresas britânicas estão sofrendo pela carga legislativa e pelas regulações comunitárias.
Nascido em 3 de abril de 1964, Farage foi militante do Partido Conservador até que John Major, o primeiro-ministro “tory” entre 1990 e 1997, decidiu assinar o Tratado de Maastricht em 1992, que estabelecia uma maior integração europeia.
Essa assinatura provocou uma fissura na legenda conservadora, entre os mais pragmáticos e os que estavam à direita do partido, mais “thatcherianos” e eurocéticos até a medula.
Este descontentamento levou Farage a formar em 1993 o que é hoje o UKIP, um partido de ideologia neoliberal e populista, que não quer esperar até 2017 para realizar o tão prometido referendo do primeiro-ministro do Reino Unido, o conservador David Cameron, sobre a permanência ou a saída do país da UE.
Com suas grosserias contra os imigrantes e seus comentários depreciativos sobre os romenos, Farage, que é casado com uma cidadã alemã, se tornou uma figura polêmica, classificada às vezes como racista e fascista.
À medida em que este político aumentava seus ataques contra a UE e os imigrantes, o UKIP somava pontos, e Cameron via muitos de seus tradicionais eleitores cruzarem para o terreno de Farage.
Defensor da liberdade individual, Farage é partidário de uma intervenção mínima do Estado, de impostos baixos e liberdade econômica, e contrário à burocracia comunitária.
Durante a campanha eleitoral, Farage apresentou seu manifesto com a principal promessa de “libertar” o Reino Unido com um referendo que possibilite a saída da UE o mais rápido possível.
O político também propôs restringir a imigração de 30 mil pessoas por ano – são mais de 200 mil atualmente – e limitar o acesso dos imigrantes aos benefícios sociais.
Além disso, Farage quer economizar 32 bilhões de libras (R$ 147,6 bilhões) na próxima legislatura reduzindo a ajuda externa e as contribuições à Escócia e à UE, e eliminando projetos como um trem de alta velocidade nacional.
Suas críticas contra os estrangeiros e a Europa o levaram a cometer erros em mais de uma ocasião, como quando disse que estaria preocupado se tivesse romenos como vizinhos.
Mas em suas fileiras também há seguidores que mostraram seu descontentamento pela orientação do UKIP, como foi o caso da jovem de 21 anos Sanya-Jeet Thandi, filha de imigrantes indianos, que trabalhava para a ala jovem desse partido.
Thandi deixou a legenda de Farage por considerar que ele apoia uma campanha “racista” que é “aterrorizante”. EFE
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