Farc lembram em Cuba seus 50 anos com cautela sobre eleições na Colômbia

  • Por Agencia EFE
  • 27/05/2014 17h14

Havana, 27 mai (EFE).- Os negociadores das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) lembraram nesta terça-feira, em Cuba, o 50º aniversário da guerrilha com muita cautela sobre as eleições na Colômbia, pois não quiseram comentar sobre os resultados do primeiro turno e pediram que a paz fosse assumida como uma política de estado no país sul-americano.

No dia em que a guerrilha mais antiga em atividade da América Latina completa cinco décadas, a delegação de paz das Farc apresentou para a imprensa o documento “Considerações gerais de um processo constituinte aberto para a transição rumo à Nova Colômbia”, no qual expõem seu projeto de país.

Participaram do evento a maior parte dos delegados da guerrilha, inclusive o octogenário Miguel Ángel Pascuas (“Sargento Páscoas”), um dos fundadores das Farc, que foi visto em publico hoje pela primeira vez desde que chegou a Havana em outubro de 2012.

A comemoração acontece dois dias depois das eleições presidenciais na Colômbia, que teve o candidato do partido do ex-presidente Álvaro Uribe, Óscar Iván Zuluaga, como vencedor do primeiro turno com 29,25% dos votos, seguido pelo atual presidente Juan Manuel Santos, que conseguiu 25,69%.

Os negociadores das Farc se mostraram cautelosos e se recusaram a fazer uma análise dos resultados eleitorais com os argumentos de que qualquer coisa que for dita “pode ser interpretada de diversas formas”.

“Vamos nos abster de fazer comentários sobre as eleições neste momento”, disse o número 2 das Farc e chefe da equipe de negociação, “Iván Márquez” (Luciano Marín Arango), quando os jornalistas insistiram sobre o tema.

Para a guerrilha, o mais importante agora “é que a paz seja assumida como uma política de Estado” na Colômbia, segundo Márquez, que negou que os diálogos de paz tenham ficado no “limbo” com o resultado do primeiro turno.

Também não quiseram comentar sobre as declarações de Zuluaga de que suspenderá provisoriamente os diálogos de paz, caso seja eleito presidente.

O líder dos negociadores guerrilheiros declarou que as Farc têm uma única “candidata” na campanha eleitoral colombiana.

“Se chama Constituinte. Estamos transitando um processo constituinte aberto para uma nova Colômbia”, afirmou Márquez, em referência a uma das propostas recorrentes da guerrilha desde o início das negociações de paz.

Esse é o eixo do documento que apresentaram hoje e no qual expõem dez propostas, como a “democratização real” da Colômbia, a “reestruturação” do Estado, “a desmilitarização da vida social” e “o desmonte dos poderes do crime organizado e do narcoparamilitarismo”.

Também defendem “uma justiça para a paz”, a “desprivatização das relações econômico-sociais”, “a recuperação da riqueza natural” e um novo modelo econômico “para o bem-estar”.

Em seu 50º aniversário, as Farc mantêm uma trégua unilateral decretada de forma conjunta com a outra guerrilha colombiana, o Exército de Libertação Nacional (ELN), por causa das eleições.

O cessar-fogo, que começou o dia 20 de maio, termina amanhã.

Márquez disse que o comando das Farc ainda não discutiu internamente sobre a possibilidade de prorrogar o cessar-fogo. EFE

sam/rpr

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