Farmácias uruguaias venderão maconha antes do fim do ano, diz governo
Montevidéu, 5 mar (EFE).- O novo secretário-geral da Junta Nacional de Drogas (JND) do Uruguai, Milton Romani, afirmou nesta quinta-feira à Agência Efe que a maconha legal, produzida sob o controle do Estado, estará disponível nas farmácias do país antes do fim deste ano.
“Os consumidores que querem adquiri-la nas farmácias terão que esperar um pouco mais, talvez dois meses, talvez menos, mas vai chegar”, garantiu o responsável pelo organismo vinculado à presidência uruguaia.
Romani fez face às recentes informações que assinalavam que o novo governo, liderado por Tabaré Vázquez, tinha recuado sobre quais seriam as farmácias encarregados de comercializar o cannabis legal, como determina a lei aprovada em 2013 pelo anterior Executivo, liderado por José Mujica. Antes de assumir a presidência no último dia 1º, Vázquez tinha manifestado preocupação quanto ao fato de estabelecimentos habilitados para vender remédios se ocuparem da venda do cannabis.
O secretário-geral da JND garantiu que as preocupações do novo presidente foram analisadas e que os representantes das farmácias expressaram interesse em fornecer o serviço.
Conforme destacou, as 11 empresas que se apresentaram para plantar e fornecer a maconha ainda carecem de alguns documentos para finalizar o processo. No entanto, ele é otimista sobre a rapidez desta etapa, e informou que as sementes já estão prontas para a plantação depois da aprovação das empresas pela JND.
As companhias autorizadas deverão se instalar no prédio de propriedade do Estado, no departamento de San José, para plantar o cannabis, que posteriormente será vendido em farmácias que tenham obtido a licença.
Por outro lado, o secretário afirmou que está na fase final o desenvolvimento do software que permitirá a confidencialidade dos dados dos consumidores devidamente registrados e habilitados para comprar a droga.
Romani viajará este sábado a Viena (Áustria) para participar da 58ª Sessão da Comissão de Entorpecentes das Nações Unidas. Sobre às críticas ao Uruguai feitas pela Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife) em seu relatório anual, divulgado esta semana, ele disse acreditar não caber tais julgamentos a esse órgão vinculado à ONU.
Entre outros aspectos, a Jife reiterou sua “profunda preocupação” pelos “efeitos negativos que a legislação de fiscalização do cannabis do Uruguai poderia ter no funcionamento do sistema internacional de fiscalização de drogas”.
“Nós estamos cumprindo as convenções internacionais no contexto dos direitos humanos em que somos referência e que vão contra as políticas repressivas. O que as convenções dizem é que o direito interno habilita os países a tomar determinadas decisões soberanas”, observou Romani.
Ele lembrou que as sementes que serão utilizadas na plantação controlada pelo Estado “estão geneticamente marcadas para ser rastreadas”, o que possibilitará identificar se uma planta sair do país.
A Jife tem uma visita prevista ao Uruguai quando a venda da droga já estiver em plena vigência. EFE
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