Federal Reserve fecha a torneira de liquidez nos EUA

  • Por Agencia EFE
  • 29/10/2014 20h18

Alfonso Fernández.

Washington, 29 out (EFE).- O Federal Reserve (Fed), o banco central americano encerrou nesta quarta-feira o multimilionário programa de estímulo monetário através da compra de bônus, e reiterou a intenção de manter as taxas de juros de referências entre 0% e 0,25% por “um tempo considerável”.

O fechamento da torneira de liquidez, aberto em 2012 pela terceira vez desde 2008, já tinha sido antecipado pelo organismo diante da melhoria progressiva da economia do país.

Esta terceira rodada de “relaxamento quantitativo”, ou injeção de liquidez mediante a compra de bônus do tesouro e ativos respaldados por hipotecas, tinha sido lançado em 2012 pelo antecessor de Janet Yellen na presidência do Fed, Ben Bernanke, para estimular a doente economia após a explosão da bolha financeira causada pelas hipotecas lixo.

Bernanke recorreu a estas “medidas monetárias não convencionais” três vezes: 2008, 2010 e 2012, já que não podia lançar mão da habitual alavanca de estímulo, ou seja, as taxas de juros, que estavam já em zero.

A partir de janeiro de 2014, o Fed anunciou o início da paulatina retirada desta última rodada, de US$ 85 bilhões mensais, a um ritmo de US$ 10 bilhões após cada reunião, até finalizar agora com os US$ 15 bilhões restantes.

Ao fim da reunião de dois dias para analisar a política monetária do país, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed, decidiu encerrar esta bem-sucedida rodada de estímulo, mas manteve a incógnita sobre as taxas de juros.

Quase todos os analistas concordam que o banco central americano elevará os juros de referência em algum momento de 2015, mas esperavam algum tipo de sinal concreto sobre a possível data desta medida.

Mais uma vez, no entanto, o banco central americano deixou no texto a frase clássica de Yellen: “por um tempo considerável”, evitando dar detalhes, mas deixando escapar uma ponta de otimismo com a evolução econômica geral dos Estados Unidos.

“As condições do mercado de trabalho melhoraram um pouco mais, com uma sólida criação de emprego e uma menor taxa de desemprego”, explicou o comunicado.

E acrescentou que “uma série de indicadores do mercado de trabalho sugerem que a subutilização dos recursos trabalhistas está diminuindo gradualmente”.

A taxa de desemprego fechou setembro em 5,9%, abaixo dos 8,1% da época do lançamento do programa em 2012.

Por isso, o Fed justificou a decisão de tirar o estímulo “ao observar uma força subjacente suficiente” na economia que permita avançar rumo ao “duplo objetivo de máximo emprego no contexto de estabilidade de preços”.

A outra preocupação do banco são os riscos de baixa inflação, que embora menos pronunciados que na Europa e Japão, deixaram os analistas em alerta, especialmente no começo do ano.

O indicador de inflação correspondente a setembro refletiu um crescimento anualizado dos preços nos Estados Unidos de 1,7%, abaixo da meta de 2% do Fed.

Por isso, o banco central apontou que “a probabilidade de a inflação se manter de maneira persistente abaixo dos 2% diminuiu um pouco”.

O banco central também não se referiu explicitamente à freada forte observada na economia da zona do euro e o arrefecimento das economias emergentes, elementos sobre os quais tinha apontado certas dúvidas anteriormente.

Wall Street, que tinha registrado quedas durante todo o dia, começou a se recuperar das perdas depois da publicação do comunicado do Fed, a duas horas do fim do pregão.

A próxima reunião do banco central, a última do ano, está prevista para os dias 16 e 17 de dezembro, e Janet Yellen dará uma entrevista coletiva após o encontro. EFE

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