Felipe seguirá caminho de Juan Carlos I em seu vínculo com A.Latina
Jesús García Becerril.
Madri, 12 jun (EFE).- A presença de Felipe de Bourbon na posse de presidentes latino-americanos desde 1996 permitiu a ele estabelecer uma relação especial com o continente que faz prever que seguirá o caminho de seu pai, o rei Juan Carlos, impulsionador dos laços da Espanha com a comunidade ibero-americana.
Juan Carlos e o príncipe das Astúrias mantiveram tradicionalmente um vínculo estreito com a América Latina que potencializou a diplomacia espanhola, tanto nas cúpulas ibero-americanas como nas frequentes visitas à região.
Em janeiro de 1996, Felipe de Bourbon foi à posse de Álvaro Arzu como presidente da Guatemala. Foi o primeiro ato dessas características do qual participou em representação de seu pai e desde então foi assíduo nessas cerimônias.
No total, há 18 anos, Felipe de Bourbon, que na semana que vem assumirá a Coroa espanhola, foi a 69 posses de presidentes do continente, a última das quais foi no dia 1º de junho do salvadorenho Salvador Sánchez Cerén.
Sua presença nestas posses tornou possível que o próximo rei espanhol tenha estabelecido contato com vários líderes latino-americanos e tenha conhecido de primeira mão a atualidade do continente.
Além de ir a estas cerimônias, o príncipe das Astúrias fez também visitas bilaterais, o que o levou a estar em todos os países latino-americanos, com exceção de Cuba, em algumas ocasiões acompanhado pela princesa das Astúrias, Letizia, com a qual se casou em 2004.
Juan Carlos I foi um dos impulsionadores das cúpulas ibero-americanas, que vêm sendo realizadas desde 1991 e até o ano passado foi o único chefe de Estado que tinha ido a todas elas.
Durante a cúpula do Panamá, em outubro de 2013, o monarca estava convalescente de uma operação de quadril, motivo pelo qual não participou da reunião, mas seu filho esteve no fórum empresarial prévio à cúpula, o que também lhe permitiu se reunir com alguns líderes.
Um dos que compartilhou com o rei Juan Carlos sua presença em várias cúpulas foi o presidente do Uruguai Tabaré Vázquez (2005-2010), que em declarações à Agência Efe destacou que foi “um grande amigo e apoiou os países latino-americanos no processo de integração”.
“Todos os latino-americanos sentimos não só um grande respeito e admiração, mas também afeto por Juan Carlos I”, afirmou Vázquez, que também elogiou o futuro Felipe VI: “Muito boa pessoa, inteligente e muito conhecedor da América Latina. Soube ganhar seu lugar de respeito e admiração na região”.
Da mesma opinião é a secretária-geral ibero-americana, Rebeca Grynspan, que destacou do futuro rei que se conhece sua preocupação com temas como a coesão social e a proteção dos mais desfavorecidos, a conservação do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável.
Em declarações à EFE, Grynspan assegurou que o legado do rei Juan Carlos é sua contribuição à construção desse espaço regional, sua condição de “grande defensor da cultura ibero-americana e de suas línguas” e seu “decidido apoio à América Latina ao longo de seu reinado”.
No final do ano, a cidade mexicana de Veracruz acolherá a próxima Cúpula Ibero-Americana e a representação espanhola já será liderada por Felipe.
De uma maneira emblemática, Juan Carlos I passou a palavra a seu filho durante o brinde por ocasião do jantar de gala em honra do presidente mexicano Enrique Peña Nieto, no último dia 9.
“A Coroa assume a mais alta representação da Espanha nas relações internacionais, especialmente com as nações de nossa comunidade histórica”, disse o monarca em seu último discurso como anfitrião de um chefe de Estado estrangeiro.
Lembrou que durante seu reinado manteve seu “especial e permanente compromisso com a comunidade e as cúpulas ibero-americanas”, e deu ênfase na “assistência contínua” do príncipe às tomadas de posse dos líderes ibero-americanos e suas várias visitas à região, nas quais sempre levou “o fundo afeto e a solidariedade da Espanha”. EFE
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