Fiadores do diálogo de paz colombiano pedem declínio urgente do conflito
Havana, 7 jul (EFE).- Cuba e Noruega, os países fiadores dos diálogos de paz colombianos, além de Venezuela e Chile, que participam como acompanhantes, pediram nesta terça-feira ao governo de Juan Manuel Santos e às Farc um declínio urgente do conflito armado e medidas de “construção e confiança”.
“Pedimos às partes que restrinjam ao máximo as ações de todos os tipos que causam vítimas e sofrimento na Colômbia”, disseram os fiadores do processo de paz em declaração lida aos jornalistas em Havana pelo representante de Cuba, Rodolfo Benítez, acompanhado pela da Noruega, Idun Aarak Tvedt.
Os fiadores e acompanhantes do processo de paz consideram que “esses passos são imprescindíveis para garantir as condições e o clima propício que permitam conseguir acordos sobre as questões pendentes da agenda de conversas, incluindo a adoção de um acordo de cessação de fogo e de hostilidades bilateral e definitivo e o que se refere aos direitos das vítimas”.
Em sua mensagem, Cuba, Noruega, Venezuela e Chile reafirmaram o compromisso de continuar contribuindo para o avanço das conversas e a adoção, a curto prazo, de um acordo final para o térmimo do conflito e a construção de uma paz “estável e duradoura” na Colômbia.
Após esse comunicado, os negociadores das Farc asseguraram que “desejam assinar a paz” com o governo, na habitual declaração que fazem diariamente antes do início de uma nova jornada de conversas.
Em sua mensagem de hoje, a guerrilha se referiu às recentes declarações do chefe negociador do governo colombiano, Humberto de la Calle, que neste final de semana disse em entrevista que o processo de paz passa atualmente por seu “pior momento”.
“Não queremos hoje dar espaço às vozes do fracasso dos diálogos, nem à desmesura das palavras dos que têm em suas mãos a sagrada responsabilidade de construir a paz, fraquejam frente às adversidades, usam tons de ultimato e ameaçam abandonar a busca da reconciliação”, disse o número dois das Farc, “Ivan Márquez” (conhecido como de Luciano Marín Arango), que leu o comunicado da guerrilha.
O membro das Farc acrescentou que ambas as partes devem “cuidar deste processo como a menina dos olhos”.
Governo e guerrilha realizam atualmente o ciclo 38 de seus diálogos de paz, com sede permanente em Havana, pendentes de concretizar um acordo sobre o tema de reparação às vítimas do conflito.
De acordo com uma pesquisa divulgada nesta terça-feira pela empresa Datexco, 75% dos colombianos acreditam que não será assinado um acordo de paz entre o governo e as Farc, apesar de ambas as partes estarem há mais de dois anos e meio negociando uma saída ao conflito.
Esta porcentagem é a mais alta nos últimos dois anos e representa um aumento de 8 pontos percentuais com relação à pesquisa de maio.
Além disso, a pesquisa mostrou também que apenas 19% dos colombianos acreditam que será selado um acordo entre o governo e as Farc, o que consolida uma tendência de desencanto generalizado sobre as negociações.
A pesquisa é baseada em mil entrevistas telefônicas realizadas em 23 cidades do país entre 1 e 5 de julho. EFE
yg/ff
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