Figueiredo afirma que Dilma analisará explicações dos EUA sobre espionagem
Washington, 30 jan (EFE).- O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, afirmou que repassará à presidente Dilma Rousseff as explicações que recebeu nesta quinta-feira dos Estados Unidos sobre seus programas de espionagem para que a governante as analise e decida os “próximos passos” na relação bilateral.
Em entrevista coletiva depois de se reunir na Casa Branca com Susan Rice, assessora de segurança nacional do presidente Barack Obama, Figueiredo assegurou que sua visita de hoje “não tem um impacto específico” na relação bilateral, mas é “um passo prático dentro do diálogo” regular entre os dois países.
“Estou igual”, respondeu Figueiredo à pergunta de se, após seu encontro com Rice, estava mais otimista sobre uma melhora nas relações, enturvadas pelas revelações do ex-técnico Edward Snowden sobre os programas de vigilância em massa da Agência de Segurança Nacional (NSA) e sua suposta espionagem sobre Dilma.
“Não é uma conversa em meu nível e ao nível dela (Rice) que levará a uma melhora das relações”, acrescentou o chanceler.
Rice convidou Figueiredo a Washington no dia 16 de janeiro, um dia antes que Obama oferecesse um discurso no qual ordenou pôr fim à espionagem a líderes de países aliados e anunciou reformas na vigilância telefônica da NSA, entre elas, que o governo ceda o controle sobre os dados a um tribunal especial.
“Na véspera do anúncio, Susan Rice me ligou e convidou-me a Washington para conversar sobre o discurso feito por Obama e dar explicações”, explicou o ministro, que não quis entrar no conteúdo de sua conversa de hoje nem avaliar as reformas anunciadas pelo governo americano.
“As explicações serão analisadas pelo governo, e a presidente Dilma vai decidir sobre os próximos passos”, ressaltou.
Nesse processo, a presidente levará em conta “não só o conteúdo do discurso” de Obama, mas também “o conteúdo das conversas de Susan Rice e outras conversas” que possam ser relevantes, para “tomar uma decisão quando chegar o momento”.
“O lado americano sabe exatamente o que nós queremos”, afirmou, mas não quis detalhar se para o Brasil continua sendo imprescindível um pedido oficial de desculpas por parte do governo de Obama sobre a espionagem realizada no passado.
Sobre a relação bilateral em geral, Figueiredo afirmou que os laços são “densos e importantes”, entre dois países que “são aliados”, mas que têm “assuntos a resolver”.
As revelações sobre espionagem levaram Dilma a cancelar uma visita de Estado a Washington para se reunir com Obama em outubro do ano passado.
Os Estados Unidos desejam agora recuperar a relação com o Brasil e que vá além do debate ocasionado pelas revelações sobre a espionagem, segundo disse nesta quarta-feira em um encontro com a imprensa estrangeira o conselheiro adjunto de Segurança Nacional, Ben Rhodes.
“Gostaríamos de recuperar a relação rumo a um ponto onde sejamos capazes de ter estas discussões, e talvez inclusive diferenças ocasionais sobre nossas atividades de inteligência, e que sejamos capazes de avançar em um programa mais amplo”, disse Rhodes.
Durante sua breve visita a Washington, Figueiredo se reuniu também hoje com o Alto Representante dos EUA para o Comércio Exterior, Michael Froman. EFE
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