Filha de sobrevivente do Holocausto lembra presença nazista no Paraguai

  • Por Agencia EFE
  • 27/01/2015 16h11
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Assunção, 27 jan (EFE).- Flora Tauber, cuja mãe foi uma das primeiras sobreviventes do Holocausto ao se refugiar no Paraguai, afirmou nesta terça-feira que apesar deste país ter sido um dos primeiros a acolher judeus que fugiam do genocídio, também permitiu a entrada de criminosos nazistas como Josef Mengele.

Em declarações à Agência Efe após um ato no Congresso paraguaio pelo Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, lembrado sempre em 27 de janeiro, Tauber afirmou que os criminosos nazistas entraram no Paraguai graças “a ajuda que receberam” e conseguiram ficar impunes porque o “dinheiro fala”.

Tauber mencionou especificamente Josef Mengele (1911-1979), o médico das SS, a unidade de elite nazista, que realizou experimentos com os presos do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia.

Segundo contou sua mãe Sonia Tauber, nascida na Polônia, ela recebeu em 1965, na joalheria de Assunção que cuidava com seu marido, uma surpreendente visita que nunca esqueceu, a de Mengele.

Tauber contou que o médico nazista, ao ver os números de identificação tatuados no braço de sua mãe, algo comum em todos os prisioneiros dos campos de concentração, saiu correndo e não puderam detê-lo.

Após a guerra, Mengele tinha buscado refúgio na Argentina, Paraguai e Brasil, país este último onde morreu em 1979 por um derrame enquanto nadava.

Tauber lembrou as “profundas feridas emocionais” que acompanharam sua mãe e sua tia, Ester Brom, também chegada ao Paraguai após a Segunda Guerra Mundial, durante toda sua vida, e falou das dificuldades que tiveram para contar sua história.

Sonia Tauber e Ester Brom foram transferidas durante a Segunda Guerra Mundial ao campo de concentração de Auschwitz, no qual permaneceram durante quatro anos.

Graças às gestões do embaixador paraguaio em Paris, ambas puderam se refugiar no país em 1945 e obtiveram a nacionalidade paraguaia cinco anos mais tarde, relatou Tauber.

“Nenhum Holocausto consegue arrancar as raízes do povo judeu”, sentenciou Tauber.

Por sua vez, o cônsul honorário do Estado de Israel no Paraguai, Alejandro Rubin, manifestou que “o mundo vive um ressurgimento do antissemitismo”, expressado em atos como o ataque terrorista a um supermercado kosher em Paris, no qual morreram quatro pessoas no início de janeiro.

Tauber assegurou, além disso, que o antissemitismo “é disfarçado agora com o nome de antissionismo” para “lançar críticas ilegítimas” a Israel.

O dia 27 de janeiro foi estabelecido, em 2005, pelas Nações Unidas, como Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

Neste ano é lembrado o 70° aniversário da libertação do campo de concentração nazista de Auschwitz por parte do exército russo em 1945, assim como do fim da Segunda Guerra Mundial, e da fundação da Organização das Nações Unidas (ONU). EFE

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