Filho do Che Guevara oferece viagens turísticas por Cuba de Harley-Davidson

  • Por Agencia EFE
  • 12/12/2014 18h11

Havana, 12 dez (EFE).- O filho mais novo do guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara abriu em Cuba uma agência de viagens batizada “La Poderosa”, mesmo nome dado à motocicleta que seu pai fez uma expedição pela América Latina, que oferece percursos turísticos pela ilha em uma Harley-Davidson.

O líder e coordenador do projeto, Ernesto Guevara, de 49 anos, é um advogado que “herdou de seu pai a paixão pelas motos que o permitem percorrer seu país e conhecê-lo como poucos” e que se dedicou por mais de 20 anos a restaurar uma Harley-Davidson.

O tour – e o nome da agência – foram inspirados diretamente na rota que Che e seu amigo Alberto Granado, ambos estudantes de Medicina na época, realizaram em 1952 por vários países latino-americanos sobre uma motocicleta Norton que batizaram de “La Poderosa”, viagem que inspirou também o filme “Diários de Motocicleta” (2004).

A proprietária de “La Poderosa Tours”, com sede na Argentina, Mimi Kohen, disse à agência Efe que a ideia de oferecer um percurso turístico em moto é “uma tendência” comum no mundo hoje e decidiram levá-la para Cuba porque “é um país maravilhoso e muito mais quando o clima nos acompanha”.

Elegeram o modelo Harley-Davidson para o projeto porque “há tradição” em Cuba dessas motos, que ficaram na ilha após a Revolução, e inclusive existe um clube de “harlistas”, explicou a empresária argentina.

Também estão por trás desta iniciativa Camilo Sánchez, amigo de infância de Guevara, e Sergio Morales, mecânico com mais de 40 anos de experiência e sem dúvidas o “harlista” cubano mais famoso, pois seu nome figura em uma placa do Museu da Harley-Davidson de Milwaukee (EUA), origem do icônico veículo.

O site do projeto inclui referências à viagem do Che pela América Latina e várias fotos do guerrilheiro, mas esclarece que o nome La Poderosa “não é um exercício de vaidade”, mas o apelido “talvez irônico”, com o qual o jovem Ernesto Guevara de Serna batizou sua moto quando ainda a chamavam de “Fuser”.

Fuser era uma espécie de diminutivo de “Furibundo Serna”.

A agência, que está no Facebook, Twitter, Instagram e YouTube, propõe trechos com o nome de “Fuser”, itinerários que começam em Havana e passam por Santa Clara, Cienfuegos, Trinidad e o balneário situado em Cayo Santa María.

Kohen, a proprietária da agência, disse à Efe que os modelos de motos incluídos na pequena frota da agência são o “Touring”, para quem prefere equipamentos mais pesados, a “Dyna” que tem também “seu encantamento” e a “Sport” ideal para as mulheres motoristas.

A agência oferece dois percursos, com tarifas a partir de US$ 3 mil por casal e de US$ 4.200 para viagens individuais, valores que incluem alojamento, comida, guia, além da moto “totalmente nova”, mas não o combustível.

“Nossos circuitos combinam o deleite de variadas paisagens desta ilha formosa com o contato íntimo de uma parte da história de uma Revolução única, que gerou uma mística que ainda perdura e, que ultrapassa os limites geográficos de Cuba”, valoriza o site.

Esta iniciativa foi apresentada na Feira de Turismo de Cuba como uma das tantas ofertas especializadas com que a ilha tem buscado diversificar sua imagem turística, que é hoje principalmente de destino de sol e praia.

A comunidade “harlista” calcula que em Cuba haja 300 motos Harley Davidson registro certificado e que têm entre 50 e 75 anos de idade.

Mas o grande valor destes veículos é se manterem ativos cinco décadas depois do embargo econômico que os Estados Unidos impôs à ilha após o triunfo da Revolução de 1959, que cortou também a importação das motocicletas e de suas peças de reposição. EFE

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