Filme celebra centenário de nascimento da “Madre Teresa” brasileira
Carlos A. Moreno.
Rio de Janeiro, 26 mai (EFE).- O centenário de nascimento da beata Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, conhecida como a “Madre Teresa de Calcutá” brasileira por sua dedicação aos pobres e que pode ser a primeira mulher nascida no país a se tornar santa, é o ponto de partida de um filme que pretende resgatar a trajetória da religiosa.
As últimas cenas de “Irmã Dulce”, título do filme e como a beata é popularmente conhecida, foram gravadas ainda ontem, às vésperas do centenário de seu nascimento e durante uma grande missa campal em frente ao Santuário da Bem-aventurada Dulce dos Pobres, situado na cidade de Salvador.
O ato religioso, além de fazer parte do filme, também deu início aos atos de comemoração desse centenário, que incluirá muitas outras homenagens, como a própria cinebiografia.
Após 40 dias de gravações nos mesmos locais percorridos pela religiosa, a maioria na capital baiana, as cerca de 100 pessoas que trabalham no filme esperam iniciar a edição nesta semana para lançá-lo no próximo mês de outubro, informaram à Agência Efe os produtores.
O filme “Irmã Dulce”, segundo os produtores, tentará reproduzir os momentos mais importantes do “Anjo Bom da Bahia”, como também era conhecida, como o momento em que transformou sua casa em local de ajuda aos pobres, a fundação de diversas entidades de caridade e a visita que recebeu do papa João Paulo II em 1991, quando se encontrava enferma.
“Será um filme carregada de emoção e, ao mesmo tempo, profundo e atual, já que discutirá as contradições da sociedade brasileira e também as qualidades que nos definem: fé, alegria e obstinação”, disse o diretor do filme, Vicente Amorim (“Um Homem Bom”, “Corações Sujos” e “Caminho das Nuvens”).
De acordo com Amorim, a poderosa personalidade e a história da religiosa garantem “um filme de enorme importância artística sobre a ordem, o caos e o que surge do encontro entre ambos (os religiosos)”.
Nascida na capital baiana, no dia 26 de maio de 1914, a religiosa da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, que morreu nesta mesma cidade no dia 13 de março de 1992, foi beatificada pelo papa Bento XVI em maio de 2011.
Em processo de canonização por seus milagres, a Irmã Dulce já pode se transformar na primeira brasileira de nascimento a se tornar santa, já que Paulina do Coração Agonizante de Jesus, até agora a única santa do país, nasceu na Itália.
Assim como Madre Teresa, a Irmã Dulce também entregou sua vida aos mais necessitados e desenvolveu uma importante obra social na Bahia, onde fundou vários hospitais de caridade e uma rede de apoio social que dirigiu até sua morte, aos 77 anos.
Seu legado inclui uma rede de hospitais e centros de saúde para os mais pobres, que atende cerca de 5 milhões de pessoas por ano, e o Centro Educativo Santo Antônio (CESA).
Seu humanismo e suas obras de caridade fizeram com que José Sarney, o então presidente do Brasil, a postulasse ao Prêmio Nobel da Paz em 1988.
O milagre comprovado durante a beatificação ocorreu em 2001, quando uma devota sofreu uma grave hemorragia durante um parto, ficou em coma e os médicos lhe deram poucas horas de vida.
Um sacerdote que sabia de sua devoção pela Irmã Dulce decidiu orar por sua melhora e, em poucas horas, a paciente se recuperou. Aliás, dois dias depois, ela deixou o hospital na companhia de seu bebe e, o melhor, sem que os médicos pudessem explicar o ocorrido.
A Irmã Dulce foi declarada venerável pelo Vaticano em 2009 e, um ano depois, quando seu corpo foi exumado para ser transferido à catedral de Salvador, o corpo da beata estava intacto e naturalmente mumificado, fato que foi interpretado como um sinal de santidade.
“Os temas do filme são de uma atualidade assustadora. Em dias tão violentos como os de hoje, a mensagem da Irmã Dulce nos mostra que, se houvesse mais amor, tudo seria mais fácil”, assegurou a atriz Bianca Comparato, que dá vida à religiosa durante sua juventude.
“Interpretá-la foi uma experiência transformadora. Fiquei encantada com a força desta mulher. Espero que todos, assim como eu, reconheçam a importância de uma mulher que viveu em cheio para o próximo”, acrescentou a consagrada atriz Regina Braga, que interpreta à freira em sua idade adulta. EFE
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