Fim de embargo de armas é prelúdio de maior cooperação com a Rússia, diz Irã
Teerã, 14 abr (EFE).- A decisão da Rússia de suspender o embargo imposto à entrega dos sofisticados sistemas defensivos antiaéreos S-300 ao Irã foi considerada por Teerã como “um prelúdio” para o aprofundamento das relações bilaterais entre os dois países, informou nesta terça-feira a agência de notícias “Fars”.
O ministro de Defesa do Irã, Hussein Dehgan, comemorou o anúncio feito ontem por Moscou, medida que qualificou como “uma interpretação da vontade dos líderes políticos de ambos os países para desenvolver e promover a cooperação em todos os campos”.
“A expansão da parceria mútua com os países vizinhos em vários campos pode ter um papel efetivo no estabelecimento da segurança e estabilidade perdurável na região”, explicou o ministro em declarações à “Fars”.
Dehgan, que deve viajar nesta semana a Moscou para participar de uma reunião sobre segurança, indicou que as ameaças dos “poderes transregionais” e o crescimento dos grupos terroristas sunitas obrigaram “este aprofundamento e ampliação da cooperação” entre o Irã e a Rússia, um assunto sempre tratado entre os dois países.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, explicou que a decisão do presidente Vladimir Putin foi tomada após o acordo preliminar sobre o programa nuclear iraniano. Para Putin, a proibição de fornecimento do armamento ao Irã, vigente desde 2010, não faz mais sentido depois do pacto.
O chefe da diplomacia russa ressaltou que os S-300 “têm um caráter exclusivamente defensivo”. Por isso, “não serão uma ameaça para nenhum país da região, incluindo Israel”.
De acordo com um contrato assinado em 2007, a Rússia deveria ter fornecido ao Irã pelo menos cinco baterias de sistemas móveis de defesa aérea S-300, capazes de abater simultaneamente vários alvos, em altitudes de 27 quilômetros e alcance máximo de 200 quilômetros.
Israel e os Estados Unidos criticaram a decisão russa, alertando sobre o “rearmamento” iraniano e do resultado “pouco construtivo” do fim do embargo.
O Irã e os países do Grupo 5+1 (EUA, China, França, Reino Unido, Rússia, mais Alemanha) fecharam um acordo preliminar para firmar até o fim de junho um pacto definitivo sobre o programa nuclear do país.
Teerã aceitou uma redução substancial de seus projetos nucleares e uma série de inspeções sem precedentes para garantir que não haja intenções bélicas. Em troca, conseguiu o fim das sanções econômicas e comerciais que atrapalham o desenvolvimento de sua economia. EFE
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