Fiocruz libera mosquitos contaminados com bactéria para combater a dengue

  • Por Agencia EFE
  • 24/09/2014 18h23

Rio de Janeiro, 24 set (EFE).- O laboratório Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) liberou nesta quarta-feira 10 mil mosquitos portadores de uma bactéria que impede a transmissão da dengue e com a qual pretendem diminuir a reprodução dos insetos que transmitem a doença.

A ação de soltar os mosquitos contaminados com a bactéria foi feita Tubiacanga, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, no desenvolvimento da campanha “Eliminar a Dengue: Nosso Desafio” e faz parte de um projeto internacional lançado pela Austrália que testa esse método de combate à doença em vários países.

Os pesquisadores injetaram a bactéria Wolbachia, presente em 60% dos insetos do mundo e inofensiva ao ser humano, no Aedes aegypti, o mosquito que transmite a dengue. A intenção é que as novas gerações herdem este bacilo e pouco a pouco aumentem sua porcentagem no ambiente. Além da Austrália, a experiência já foi feita na Indonésia e no Vietnã.

Durante os próximos três ou quatro meses, conforme a adaptação dos insetos no ambiente, a cada semana serão soltos 10 mil mosquitos contaminados nesta comunidade. Segundo o líder do projeto no Brasil, o pesquisador Luciano Moreira, apenas dentro de dois anos será possível observar o impacto do experimento na redução dos casos de dengue, que neste ano causou a morte a 336 pessoas no Brasil.

Segundo os pesquisadores da Fiocruz, existem dois bilhões de pessoas no mundo em regiões nas quais há o risco de contrair a dengue. No Brasil foram registrados no ano passado 1,5 milhão de casos da doença, dos quais 663 resultaram mortais.

O processo funciona quando um macho portador da Wolbachia fecunda uma fêmea sem a bactéria, seus ovos não produzem larvas, enquanto quando se emparelham um macho normal e uma fêmea com a bactéria, os filhotes herdam as características do macho.

“Desta forma o método se torna sustentável e não precisamos soltar sistematicamente mais mosquitos com a bactéria”, explicou Moreira.

Para realizar o projeto, os pesquisadores da Fiocruz tiveram que conseguir a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Nas pesquisas colaboraram os moradores da região, que instalaram armadilhas para mosquitos em suas casas e que são fundamentais para avaliar o volume de Aedes aegypti existente no local.

Apesar dos bons resultados obtidos em outras regiões do mundo, Moreira é prudente e afirma que estas medidas são apenas “complementares” a outros tipos de pesquisas, como a busca de uma vacina definitiva para a dengue. EFE

jrv/cdr

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