Fluxo de imigrantes aos EUA segue exigindo solidariedade do Rio Grande

  • Por Agencia EFE
  • 29/08/2015 03h01

Jairo Mejía.

McAllen (EUA), 28 ago (EFE).- Um ano depois que a Igreja do Sagrado Coração de McAllen, no Texas, começou de maneira “temporária” a ajudar à onda de famílias e menores imigrantes ilegais que cruzava a fronteira dos Estados Unidos, o salão paroquial continua sendo um ponto de encontro essencial para aqueles que buscam o “sonho americano”.

Apesar dos números de detenções de imigrantes ilegais terem caído drasticamente desde o verão do ano passado, quando dezenas de milhares de menores que tentavam atravessar a fronteira sozinhos elevaram o alarme das autoridades, o Vale do Rio Grande e a cidade de McAllen seguem sendo um ponto estratégico.

“No auge da crise chegavam entre 200 e 300 pessoas por dia. Esse número caiu muito, mas em julho vimos um aumento com mais de 100 pessoas por dia”, afirmou à Agência Efe a irmã Norma Pimentel, responsável pelo trabalho de caridade da comunidade católica na região do Rio Grande.

De novo neste verão, a irmã Pimentel teve que pedir a ajuda de voluntários e doações que permitissem aos imigrantes recém chegados o mínimo de condições para seguir seu caminho dentro dos Estados Unidos, ainda que como ilegais, na prática pessoas de segunda classe.

Neste ano fiscal (entre 1º de outubro de 2014 e 31 de julho) foram capturadas cruzando a fronteira fluvial do Rio Grande mais de 18.000 pessoas, dez vezes mais que em qualquer outro ponto da fronteira com o México, embora 61% abaixo dos arrasadores números do mesmo período do ano anterior.

“Não são só centro-americanos ou mexicanos, vêm também cubanos; e até chineses, colombianos, ugandenses, etíopes”, comentou Pimentel, que destacou que a chegada de mais cubanos coincidiu com a retomada de relações entre Havana e Washington.

A grande maioria cruza com a intenção de entregar-se imediatamente à patrulha fronteiriça, que se vê obrigada a libertá-los com uma citação para iniciar um incerto processo de deportação.

Dezenas de imigrantes seguem chegando diariamente à estação de ônibus de McAllen, sob o tórrido calor do verão texano e a poucos metros da igreja do Sagrado Coração, onde agora foi erguida uma tenda de campanha, onde várias mães descansam com seus filhos.

“Esta operação começou como algo temporário, mas nunca chega ao fim. Terá que continuar e teremos que estabelecer algo permanente”, afirmou Pimentel, rodeada por vários voluntários que ordenam roupa, kits de higiene pessoal e calçados.

Até o momento, a comunidade do Rio Grande, majoritariamente latina, de raízes imigrantes e vinculada fortemente ao México, se esforçou para ajudar desinteressadamente os recém chegados, apesar desta região do sudeste do Texas ser uma das mais pobres do país.

“No início chegamos a ter montanhas de roupas e tivemos que pedir que não doassem mais. Os voluntários eram muitos e trabalhavam praticamente 24 horas”, lembrou Pimentel, relatando que as crianças são as que chegam em piores condições.

Para responder à chegada em massa de menores e famílias, os Estados Unidos começaram a executar um plano de desenvolvimento e concessão de asilo na América Central, castigada pela violência dos grupos criminosos, enquanto que o México intensificou o controle migratório.

“As pessoas que chegam aqui, em muitos casos porque sua vida corre risco em seus países, são pais, mães, são meninos; não são criminosos”, assegurou Pimentel. EFE

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