FMI pede que países promovam reformas profundas para estimular crescimento

  • Por Agencia EFE
  • 24/07/2014 18h43

Cidade do México, 24 jul (EFE).- O Fundo Monetário Internacional (FMI) pediu nesta quinta-feira a todos os países desenvolvidos e emergentes que promovam medidas urgentes para reativar o crescimento econômico global, após anunciar um rebaixamento das perspectivas de crescimento dos 3,6% previstos em abril para 3,4%.

O FMI justificou a revisão para baixo pelos dados do crescimento mundial no primeiro semestre deste ano, que ficou em 2,7%, um ponto percentual abaixo dos 3,7% registrados nos primeiros seis meses de 2013.

Ao apresentar no México a atualização do relatório “Perspectivas Econômicas Globais”, o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, afirmou que o “primeiro desafio das economias emergentes e em desenvolvimento é implementar reformas para reequilibrar suas economias e fortalecer seu crescimento”.

No estudo, apresentado pela primeira vez fora da sede em Washington, o analista do FMI advertiu que o frágil crescimento da economia mundial no primeiro semestre demonstra que a prioridade é “elevar o crescimento efetivo e potencial da maioria das economias”.

O órgão reduziu as expectativas de crescimento do PIB mundial este ano em 0,3%, para 3,4%, devido à fraqueza das principais economias, principalmente Estados Unidos e Europa, embora tenha previsto uma alta para o segundo semestre.

Em uma entrevista coletiva na capital mexicana, Blanchard disse que esta revisão para baixo “faz ver as coisas piores do que realmente são” e previu que “para o futuro as coisas podem melhorar”.

Blanchard recomendou que as economias avançadas mantenham uma política monetária “flexível” e adaptem os ajustes fiscais para promover a recuperação. Além disso, ressaltou a necessidade de complementar as regulações financeiras para reduzir os riscos de instabilidade.

O ajuste das perspectivas de crescimento nos países avançados foi desigual, com aumentos na maioria deles, mas muitos em baixa, entre os quais ressaltou Estados Unidos, França, Itália e Canadá, e apontou para a superação da crise na Europa com um crescimento médio de 1,8%.

O FMI reduziu as projeções de crescimento das economias emergentes da América Latina, da África, da Ásia e do leste da Europa, por ter sido “registrada uma desaceleração generalizada”, causada principalmente por problemas estruturais.

Apesar disso, todos os países emergentes crescerão em média 4,6%, e entre eles os asiáticos 6,4%, e os da América Latina 2%.

Embora as perspectivas da maioria de países tenham sido ajustadas para baixo, o FMI não prevê recessão em nenhuma das regiões do mundo neste ano.

Para os países emergentes o desafio é promover reformas profundas em aspectos que bloqueiam o desenvolvimento, como no Brasil e na África do Sul, que têm uma taxa muito baixa de investimento “causada por impedimentos estruturais”, segundo Blanchard.

Entre as “boas notícias”, mencionou que há países como o México que promoveram reformas estruturais ambiciosas que elevarão o investimento e o crescimento.

“O segundo desafio para os mercados emergentes é se adaptar a um entorno mundial em transformação, uma mudança que já começou”, afirmou.

A recuperação nos Estados Unidos precisa de mais demanda de importações dos mercados emergentes, o que vai beneficiar claramente, em primeiro lugar, o México, seu vizinho.

Blanchard advertiu que, devido à normalização da política monetária americana e a alta das taxas de juros, os fluxos de capital que se refugiaram na Ásia e na América Latina em busca de rendimentos maiores podem terminar retornando aos EUA.

Isto significa que “vamos ter um entorno financeiro mais restrito em alguns países”, o que poderia provocar dificuldades ao “longo do caminho e a volatilidade pode ser mais alta do que estamos vendo agora”.

Por último, Blanchard especificou que a recuperação da economia mundial “continua frágil e ainda precisa de amor, cuidado e apoio da política econômica para se fortalecer tanto na oferta como na demanda”.

Entre os focos vermelhos, Blanchard assinalou os conflitos bélicos no mundo, como os da Ucrânia e do Oriente Médio, que embora só tenham tido até agora repercussões regionais e internas, poderiam afetar outros países, em particular com um aumento dos preços de gás na Europa e do petróleo no mundo. EFE

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