FN defende sua atuação como partido de governo na França e “vigilante” na UE
Nanterre (França), 27 mai (EFE).- A líder da ultradireitista Frente Nacional (FN), Marine le Pen, disse nesta terça-feira que sua vitória nas eleições europeias na França transforma a legenda em um partido “de governo” e disposto a assumir diante da União Europeia (UE) um papel de “vigilância”, conforme desejo expresso pelos cidadãos nas urnas.
“Seja qual for o tipo de votação, local ou nacional, a FN progride. Transformou-se em um partido de governo para os franceses, capaz de assumir suas responsabilidades absolutamente em todas as partes”, disse em entrevista coletiva realizada na sede do partido, em Nanterre.
Com um forte discurso contra seus opositores e a UE, Le Pen comemorou o fato da população tomar consciência do “projeto patriota” da Frente Nacional. O partido venceu as eleições europeia com 24,85% dos votos na França, que representam 24 das 74 vagas do país no parlamento europeu.
Segundo Le Pen, a FN foi a única legenda que não utilizou argumentos distantes da realidade e abordou “sem cair na demagogia” temas concretos, como o patriotismo econômico, o tratado de Schengen, a imigração, o protecionismo e a identidade.
“Vamos tentar constituir um grupo para ter mais peso no parlamento europeu, mas além deste aspecto mais técnico que político, nosso objetivo é bloquear as evoluções nefastas da União Europeia”, afirmou.
Para Le Pen, isso significa defender “em todas as circunstâncias” os interesses da França e dos franceses, “revelar os escândalos que ocorrem a nível europeu” e “assumir nosso papel de vigilante”.
A líder frisou que os deputados da FN constituem na Eurocâmara o principal grupo dos franceses e o “terceiro mais importante a nível europeu, atrás da CDU e do SPD (partidos alemães)”.
Le Pen, no entanto, descartou uma aliança com a formação húngara Jobbick ou o partido grego Amanhecer Dourado, após se certificar que não compartilham a mesma ideologia.
A nova posição da Frente Nacional, que pela primeira vez em sua história venceu um pleito de caráter nacional, e ampliou seu recorde obtido nas eleições europeias de 1989, no qual conquistou 11,5% dos votos, requer, segundo Le Pen, uma reorganização interna, que será abordada no congresso do partido em novembro.
De forma imediata, a líder defendeu a dissolução da Assembleia Nacional “como um ato de realidade política”, porque a legitimidade do poder atual, segundo sua opinião, “é claramente insuficiente”.
Le Pen afirmou ainda que o projeto de construção europeia está ameaçado e “não se deve dar nenhum avanço rumo ao federalismo”. Segundo a política, os deputados da FN estarão presentes no parlamento para impedir qualquer evolução neste sentido.
A líder da extrema direita francesa argumentou ainda que se o presidente, François Hollande, escutou a mensagem dos cidadãos, não deve se fazer surdo aos seus pedidos.
Le Pen pediu o fim das negociações sobre a adesão da Turquia à UE, a nacionalização parcial do grupo industrial Alstom para que se privilegie “uma solução francesa” e o veto definitivo da França às negociações sobre o tratado transatlântico.
“É hora da oligarquia levar em conta a vontade do povo”, concluiu Le Pen, em um discurso no qual criticou Hollande por não estar disposto a mudar de rumo “em função das circunstâncias”, como se o voto dos cidadãos não fosse o “fundamento da democracia”. EFE
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