“Foram 20 segundos de pânico”, diz brasileiro sobrevivente do terremoto no Nepal
O brasileiro missionário Willian Massaro está na cidade de Katmandu, umas das cidades nepalesas atingidas neste sábado (25) pelo terremoto de 7,8 graus na escala Richter. O jovem de 23 anos falou com exclusividade à Jovem Pan sobre a situação local na primeira noite depois da destruição. “O pânico é algo inerente”, afirmou ao contar que o região ainda sente pequenos tremores.
“O terremoto mais forte aconteceu às 11h da manhã [2h da manhã em Brasília] por uns vinte segundos, a sensação é de estar num barco em uma tempestade”, e completou, “Durante o tremor um barulho ensurdecedor como se fosse uma britadeira”. Ele contou que no momento do primeiro tremor estava no segundo andar de uma casa: “não houve tempo de sairmos do edifício, a resposta mais imediata foi ir para um lugar seguro dentro da casa e quando saímos já estava todo mundo na rua”.
Massaro contou que a população ainda não tem uma resposta do governo sobre quais serão os próximos passos, apenas receberam o aviso para ficarem em lugares abertos pelas próximas 24h. “As pessoas estão sentadas no chão no meio da rua, estão sem saber o que vai acontecer” e disse que a região está sem água e serviço de telefonia móvel.
Ele relatou que na casa onde está não houve nenhum dano, mas que a comunidade em volta está devastada. “Por todo lado as casas estão destruídas e alguns moradores perderam tudo. Templos famosos estão completamente destruídos e um prédio de 68 metros de altura caiu completamente. Só lá 12 pessoas morreram”.
De acordo com o jovem, a polícia está atuando na cidade no sentido de organizar o trânsito. “Como as pessoas estão fora de suas casas a polícia esta fazendo essa orientação de carros e de gente. Observei muitos voluntários de ONGs e as forças armadas estão bem efetivas em todo o processo”, informou.
Massaro afirmou que não teve contato com nenhum brasileiro ferido.
O fenômeno
O geólogo e professor da USP, Pedro Cortês, também conversou a Jovem Pan e explicou sobre as causas físicas do tremor que atingiu o Nepal e parte do território indiano e chinês. “É um terremoto muito intenso que pode causar danos significativos” e disse que “são poucas as edificações que têm condições de resistir a um terremoto dessa magnitude”.
De acordo com o geólogo, o tremor foi causado pelo choque entre as placas tectônicas Eurásia, que fica sob a China, Rússia e Europa, e a Indoaustraliana, que corresponde ao sudoeste asiático e Austrália. Essa colisão é diferente das que ocorrem na América do Sul, que consistem na sobreposição da placa Sulamericana e a de Nazca, do Oceano Pacífico. Cortês explicou que esse contato “gera terremotos e leva ao aparecimento de montanhas não tão expressivas e vulcões, como ocorre hoje no Chile”, explanou ao fazer referência à atividade do vulcão chileno Calbuco que entrou em erupção na quarta-feira (22) e deixou a região em alerta vermelho.
Ainda usando o país latino como exemplo, o professor comparou as consequências do terremoto como resultado de desenvolvimento econômico. “Nos países onde o IDH é muito baixo essas tragédias têm repercussão ainda maior”, e falou do ano de 2010, quando o Chile enfrentou também um forte tremor, “a economia mais sólida tem mais recursos e consegue se preparar mais para esse tipo de evento do que o Nepal”.
Foto: Willian Massaro, missionário brasileiro no Nepal. Reprodução/Facebook
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