Forças Armadas tomam o controle do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio

  • Por Agencia EFE
  • 05/04/2014 15h24

Gonzalo Domínguez Loeda.

Rio de Janeiro, 5 abr (EFE).- Ao amanhecer deste sábado, cerca de 2.700 militares da Marinha e do Exército tomaram o controle do Complexo da Maré, um dos últimos bastiões do narcotráfico no Rio de Janeiro, que já foi ocupado pela Polícia Militar sem resistência na madrugada do domingo passado.

Alguns minutos depois das 5h da manhã, os soldados e fuzileiros navais se posicionaram nos principais acessos à Maré escoltados por tanques e blindados da Marinha.

Somente uma hora depois e após impor vários controles aos pedestres e veículos na região, os soldados entraram no complexo entre tímidos aplausos de alguns poucos moradores e a passividade da imensa maioria que caminhava entre militares e veículos blindados sem prestar muita atenção.

“Nunca tinha visto uma coisa assim na minha vida”, comentou à Agência EFE um morador que pediu anonimato.

Para o carioca, a operação “será uma coisa boa para o povo” já que os narcotraficantes não ostentarão armas tranquilamente pelo bairro nem poderão utilizar suas ruas “para abandonar e desmontar os carros que roubam”.

Os soldados do Exército avançaram pelas 15 favelas que compõem Maré sem as dificuldades achadas em outras devido a que fica em um terreno plano, com ruas retas, largas e sem costas, o que facilitou o avanço dos veículos pesados.

Sem oposição dos membros de Comando Vermelho, do Terceiro Comando e da milícia que dominavam a região, os militares só encontraram como espectadores os moradores da Maré, que assistiram à cena.

Muitos deles, ainda nos bares protelando as últimas horas da noite de sexta-feira, mostraram interesse maior do que o que o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) despertou na semana passada.

Enquanto alguns aproveitavam a ocasião para registrar a data fazendo fotos em frente aos soldados e a tanques, outros iam para o trabalho sem se preocupar muito com as operações que estavam levando a cabo as Forças Armadas.

Os militares estavam ansiosos para tomar a favela, definindo limites de segurança, parando os carros que circulavam e vigiando os cruzamentos de ruas e nas pontes onde podiam ser alvo de ataques, enquanto os moradores passeavam ao redor e observavam das janelas.

Após tomar posições no complexo de Maré, os efetivos da operação, que foi batizada “São Francisco”, iniciaram um trabalho intenso e extenso de patrulha pelas favelas da comunidade com a intenção de vasculhar todos os cantos em busca de drogas e armas.

Ainda sem dados sobre os possíveis resultados das buscas, a equipe da EFE presenciou policiais encontrando um pequeno estoque de drogas escondido em um espaço reservado para a instalação de medidores de energia elétrica.

Os trabalhos de inspeção e controle dos militares no complexo, onde vivem aproximadamente 120 mil pessoas, durará, a princípio, até 31 de julho, e na ação participarão 2.050 soldados da Brigada de Infantaria de Paraquedistas do exército, 450 infantes da marinha e 200 agentes da Polícia Militar.

Durante muitos anos, as três facções criminosas que dominavam as 15 favelas da Maré faziam do bairro seu reduto, de onde grande parte da droga partia rumo a outras regiões do Rio.

O lugar é estratégico na geografia da capital fluminense, já que é rodeado por três das principais artérias de comunicação do Rio: a Avenida Brasil, a Linha Vermelha e a Linha Amarela, que ligam o aeroporto internacional do Galeão ao Centro e à Zona Sul da cidade. EFE

gdl/tr

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