Fosfoetanolamina, a “pílula do câncer”, será vendida como suplemento alimentar

  • Por Jovem Pan
  • 11/02/2017 18h55 - Atualizado em 11/05/2017 16h17
Fosfoetanolamina Reprodução/Youtube Pílulas

Dois ex-colaboradores do químico Gilberto Chierice, criador da popular “pílula do câncer”, anunciaram a venda de fosfoetanolamina sintética. Mas, diferente do que aconteceu ano passado, quando chegou a ser comercializada como uma droga anticâncer e logo foi proibida por falta de evidências de sua eficácia, agora a substância será disponibilizada na forma de suplemento alimentar.

A iniciativa do biotecnólogo Marcos Vinícius de Almeida e do médico Renato Meneguelo, que colaboraram com Gilberto Chierice no desenvolvimento da “pílula do câncer”, no Instituto de Química da USP em São Carlos, faz com a fosfoetanolamina não necessite de ser regulamentada junto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), já que a substância seria vendida como suplemento alimentar e não como medicamento.

Em entrevista a Jovem Pan, Polyana Borges, administradora do grupo no Facebook, “A Cura do Câncer com Dr. Gilberto Chierice”, que reúne milhares de seguidores que compartilham informações ligadas ao tema, à novidade está levantando muitas dúvidas das pessoas que buscam a cura da doença. A ativista da luta contra o câncer disse que as pessoas estão questionando os valores e quando terão acesso ao suplemento.

“A partir do momento que foi divulgado que teríamos a possibilidade de comprarmos a fosfoetanolamina, algumas pessoas começaram a ficar contra a iniciativa dos dois pesquisadores. Será que se trata da mesma substância desenvolvida na USP? Os pesquisadores afirmam que são idênticas, mas sintetizadas de forma diferente. O que vai trazer de benefícios só o tempo vai dizer”, comenta Polyana Borges.

A fosfoetanolamina sintética está sendo produzida pela empresa Florida Supplement, nos Estados Unidos, e o custo previsto é de R$ 3,80 por cápsula. A substância será comercializada apenas pela internet a partir de 16 de março e será distribuída pela Quality Medical Line, via contrato com um laboratório uruguaio chamado Federico Diaz, com o qual os pesquisadores estabeleceram uma parceria.

“Nossa luta não será perdida. Com a possibilidade das pessoas terem acesso ao suplemento, vamos conseguir provar ao mundo todo que estávamos certo em relação à eficácia da fosfoetanolamina. Estamos a dois anos lutando pela regulamentação de um composto que vem sendo distribuído e foi utilizado por diversas pessoas que conseguiram ser curadas”, lembra a ativista da luta contra o câncer.

Relembre a polêmica da fosfoetanolamina:

A produção e comercialização da fosfoetanolamina sintética como droga anticâncer chegou a ser autorizada no Brasil em abril de 2016, por um projeto de lei aprovado no Congresso e sancionado pela então presidente Dilma Rousseff, sob forte pressão política e popular. Mas a lei foi suspensa no mês seguinte por uma decisão do Superior Tribunal Federal, por falta de evidências científicas da sua eficácia.

Estudos realizados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação indicaram que a fosfo não era tóxica, mas não encontraram nenhum efeito antitumoral na substância. Na época a Anvisa, que poderia regulamentar a comercialização da substância no país, disse que nenhum processo de registro de medicamento foi apresentado à Agência para que a fosfoetanolamina pudesse ser considerada um medicamento, impedindo a avaliação de sua eficácia e segurança.

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